Nesta semana destinada à mulher, a melhor maneira de homenageá-la é por sua obra, nunca por sua beleza efêmera, que se esvai com o tempo como tudo que é material.
A mulher, com o seu jeitinho e a sua delicadeza, soube galgar e conquistar o seu degrau na escada da vida, que inclui o seu lado profissional, o seu lado familiar e o seu lado pessoal. Sabe que dispõe de muitas armas a seu favor, e mesmo mostrando fragilidade pode ser forte e decidida, e, dessa forma, subtrair de sua sensibilidade a força de que precisa. Quando descobre sua força, dedica-se incansavelmente a diversos setores, como as artes, ciências, política, religião.
Reverenciando a mulher brasileira destacamos Cecília Meireles, nascida no Rio de Janeiro a 07 de novembro de 1907, estudiosa de línguas, história, filosofia e cultura oriental. Abraçou a profissão de professora primária e entregou-se ao magistério com amor. Enfrentando problemas financeiros, exerceu diversas profissões na área de educação e comunicação. Seu maior legado foi a literatura, deixando dezenas de livros publicados para nosso deleite.
É de Cecília Meireles o poema a seguir, publicado em 1939 no livro "Viagem", que retrata a passagem inexorável do tempo. Esse livro foi o primeiro reconhecido da autora, e premiado pela Academia Brasileira de Letras. Eminentemente lírica, Cecília Meireles é, até hoje, uma das mais altas vozes da poesia brasileira – a mais espiritualizada delas. Sua poesia serve de antídoto à brutalidade dos tempos atuais.
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa , tão fácil:
-- Em que espelho ficou perdida
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