sexta-feira, 30 de novembro de 2007



MEU PRESENTE DE NATAL

Meu presente de Natal
é tão belo e diferente ,
que jamais se encontrará
em lojas que vendem presentes.

Ele é fácil de fazer
e não precisa dinheiro ,
é uma árvore de Natal
com presentes verdadeiros.

Na ponteira tem uma estrela
que brilha mais do que ouro,
é a estrela da AMIZADE
presente maior que tesouro.

Minha árvore é toda enfeitada
com os mais belos sentimentos,
que transformam nossas vidas
nos mais puros e belos momentos.

Festões dourados de AMOR
que com o CARINHO e a BONDADE misturados,
dão um toque de suavidade
aos nossos sonhos e anseios ,
de PAZ para a humanidade !




(Florzinha)

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ihas Desconhecidas



Daqui a 2 dias chega o mês de Natal, depois as sonhadas férias de verão. Muito apropriado o texto do CONTARDO CALLIGARIS, a seguir:

O amor e a viagem nos fazem descobrir que há algo, em nós, que não conhecíamos até então.
Quando era criança, um senhor canadense, Mr. Evans, foi contratado por meus pais para "treinar" meu inglês. O método de Mr. Evans consistia em narrar grandes eventos da História (com H maiúsculo) como se ele tivesse sido uma testemunha ocular. Conseqüência: há detalhes íntimos de várias cenas famosas que não sei mais se são fatos ou fantasias de Mr. Evans.
Uma fonte de inspiração de Mr. Evans era a expedição de Lewis e Clark, que, entre 1804 e 1806, abriu o caminho do Oeste americano. Segundo Mr. Evans, em 7 de abril de 1805, deixando Fort Mandan para se aventurar no território desconhecido das grandes planícies, Lewis, pensativo, teria dito a George Gibson (o melhor atirador da expedição): "New land, George" (uma nova terra, George).
Nunca pude confirmar a veracidade da dita conversa. Mas essa frase, aparentemente trivial, foi incorporada no meu léxico familiar. A cada vez que, numa viagem de férias, saíamos do país, meu irmão e eu não parávamos de repetir: "New land, George". Ainda hoje, quando chego num lugar desconhecido, penso em Lewis e Gibson.
Mais tarde, meu irmão e eu passamos a usar a mesma expressão quando - numa festa, por exemplo - avistávamos mulheres que despertavam nosso interesse. Um dos dois, invariavelmente, levantava a mão espalmada, como se quisesse proteger os olhos do sol, e dizia: "New land, George".
Na literatura, não é raro que um corpo amado e desejado seja comparado à paisagem de terras incógnitas. John Donne, num de seus mais lindos poemas (do século 17), chamou sua amada de "minha América, minha terra recém-descoberta". De fato, há mesmo uma relação entre o amor e a verdadeira viagem. Vamos ver qual.
De vez em quando, tenho vontade de viajar.
O que chamo de viajar não tem muito a ver com viagens de férias.
Tampouco significa necessariamente desbravar terras virgens.
Encontrei a melhor definição do que é viajar numa maravilhosa e breve fábula de José Saramago, que acaba de ser publicada, "O Conto da Ilha Desconhecida" (Companhia das Letras). O protagonista explica assim seu desejo: "Quero encontrar a ilha desconhecida. Quero saber quem eu sou quando nela estiver".
Viajar é isto: deslocar-se para um lugar onde possamos descobrir que há, em nós, algo que não conhecíamos até então.
Sem estragar o prazer dos leitores, só direi que, no fim da fábula de Saramago, talvez o protagonista não encontre sua ilha, mas ele encontra uma mulher. A moral da história é incerta, entre duas leituras opostas.
Primeira leitura: quem casa não viaja (a não ser de férias); casar-se é desistir de viajar. É o que pensam, com freqüência, homens e mulheres casados. E é também o que os leva, às vezes, a se separarem. Quando achamos que o outro nos impede de viajar, ou seja, que ele nos priva da aventura de descobrir o que poderia haver de diferente em nós, o casal se torna nosso inimigo. Claro, na maioria dos casos, acusamos o casal de uma inércia que é só nossa.
Exemplo: anos atrás, na França, um amigo se interessava pelas pessoas que desaparecem sem razão aparente e refazem sua vida alhures, sob outro nome, como se tivessem sido vítimas de uma amnésia repentina. Em todos os casos em que meu amigo conseguira entrevistar esses "desaparecidos", os mesmos constatavam que, depois de seu sumiço, em poucos anos, eles tinham reconstruído uma situação de vida parecida com aquela que tinha motivado sua fuga.
Segunda leitura: o protagonista descobre que a mulher ao seu lado é a própria ilha desconhecida que ele procurava e que a verdadeira viagem é o encontro com um outro amado. Faz todo sentido, pois o amor e a viagem, em princípio, têm isto em comum: ambos nos fazem descobrir em nós algo que não estava lá antes.
O outro amado nos transforma. Tanto quanto a chegada numa terra incógnita, ele nos revela algo inesperado em nós. Por isso, aliás, o viajante e o amante podem esbarrar em problemas análogos: às vezes, ao sermos transformados pela viagem ou pelo amor, não gostamos do que encontramos, não gostamos dos efeitos em nós do amor ou da viagem.
Essa é, em geral, a única razão séria para se separar ou para voltar da viagem. Moral dessa coluna (e talvez da fábula de Saramago): os outros não são nenhum inferno, são uma viagem.
Agora, para amar, como para viajar, é preciso ter determinação e coragem

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Alecrim

Há dias em que se tem a impressão de se estar dentro de um espesso nevoeiro. Tudo parece monótono e difícil, e o coração fica triste. É a noite escura da alma.Era meu aniversário e justamente um destes dias estranhos, quando uma voz interior me disse:

- "Você precisa tomar chá de alecrim".
Fui ao jardim, e lá estava nosso viçoso pé de alecrim. Interessante é que quase todos que visitam nossos jardins demonstram afeição e respeito pelo alecrim. Confesso que nunca liguei muito para ele.
Mas, naquele dia, com toda reverência, colhi alguns ramos, preparei um chá e o servi em uma linda xícara. O aroma era muito agradável e, a cada gole que bebia, senti a mente ir clareando. Uma sensação de bem-estar e alegria foi se espalhando pelo corpo e senti enorme felicidade no coração.Fiquei muito impressionada com a capacidade dessa planta transmitir alegria.Aliás, o nome alecrim já lembra alegria.
Resolvi pesquisar a respeito e - veja só que maravilha!

O alecrim - Rosmarinos officinalis, planta nativa da região mediterrânea - foi muito apreciado na Idade Média e no Renascimento, aparecendo em várias fórmulas, inclusive a "Água da Rainha da Hungria", famosa solução rejuvenescedora. Elizabeth da Hungria recebeu, aos 72 anos, a receita de um anjo (um monge?) quando estava paralítica e sofria de gota.Com o uso do preparado, recobrou a saúde, a beleza e a alegria.O rei da Polônia chegou a pedi-la em casamento!
Madame de Sévigné recomendava água de alecrim contra a tristeza, para recuperar a alegria. Rudolf Steiner afirmava que o alecrim é, acima de tudo, uma planta calorífera que fortalece o centro vital e age em todo o organismo.
Além disso, equilibra a temperatura do sangue e, através dele, de todo o corpo. Por isso é recomendado contra anemia, menstruação insuficiente e problemas de irrigação sangüínea. Também atua no fígado. E uma melhor irrigação dos órgãos estimula o metabolismo.
O alecrim é digestivo e sudorífero.
Ajuda a assimilação do açúcar (no diabetes) e é indicado para recompor o sistema nervoso após uma longa atividade intelectual.
É recomendado para a queda de cabelo, caspa, cuidados com a pele, lesões e queimaduras; para curar resfriados e bronquites, para cansaço mental e estafa; ainda para perda de memória, aumentando a capacidade de aprendizado.

Existe uma graciosa lenda a respeito do alecrim:
Quando Maria fugiu para o Egito, levando no colo o menino Jesus, as flores do caminho iam se abrindo à medida que a sagrada família passava por elas.
O lilás ergueu seus galhos orgulhosos e emplumados, o lírio abriu seu cálice.
O alecrim, sem pétalas nem beleza, entristeceu lamentando não poder agradar o menino.
Cansada, Maria parou à beira do rio e, enquanto a criança dormia, lavou suas roupinhas. Em seguida, olhou a seu redor, procurando um lugar para estendê-las.
"O lírio quebrará sob o peso, e o lilás é alto demais".
Colocou-as então sobre o alecrim e ele suspirou de alegria, agradeceu de coração a nova oportunidade e as sustentou ao sol durante toda a manhã.
"Obrigada, gentil alecrim" - disse Maria."Daqui por diante ostentarás flores azuis para recordarem o manto azul que estou usando. E não apenas flores te dou em agradecimento, mas todos os galhos que sustentaram as roupas do pequeno Jesus, serão aromáticos. Eu abençôo folha, caule e flor, que a partir deste instante terão aroma de santidade e emanarão alegria."

(Colaboração da amiga Beatriz Shimba, que desconhece o Autor)

domingo, 25 de novembro de 2007

Origem da Mulher



Existem várias lendas sobre a origem da Mulher.
Uma diz que Deus pôs o primeiro homem a dormir, inaugurando assim a anestesia geral, tirou uma de suas costelas e com ela fez a primeira mulher. E que a primeira provação de Eva foi cuidar de Adão e agüentar o seu mau humor enquanto ele convalescia da operação.
Uma variante desta lenda diz que Deus, com seu prazo para a criação estourado, fez o homem às pressas, pensando "Depois eu melhoro", e mais tarde, com o tempo, fez um homem mais bem-acabado, que chamou mulher, que significa "melhor" em aramaico.
Outra lenda diz que Deus fez a mulher primeiro, e caprichou nas suas formas, e aparou aqui e tirou dali, e com o que sobrou fez o homem só para não jogar barro fora.
Em certas tribos nômades do Médio Oriente ainda se acredita que a mulher foi, originariamente, um camelo, que na ânsia de servir seu Mestre de todas as maneiras foi se transformando até adquirir sua forma atual.
No Extremo Oriente existe a lenda de que as mulheres caem do céu, já de kimono.
E em certas partes do Ocidente persiste a crença de que mulher se compra através dos classificados, podendo-se escolher idade, cor da pele e tipo de massagem.
Todas estas lendas, claro, têm pouco a ver com a verdade científica.
Hoje se sabe que o Homem é o produto de um processo evolutivo que começou com a primeira ameba a sair do mar primevo, e é descendente direto de uma linha específica de primatas, tendo passado por várias fases até atingir o seu estágio atual - e aí encontrar a Mulher, que ninguém ainda sabe de onde veio.
É certamente ridículo pensar que as mulheres também descendem de macacos. A minha mãe, não!
Mas de onde veio a primeira mulher, já que podemos descartar tanto a evolução quanto as fantasias religiosas e mitológicas sobre a criação?
Inclino-me para a tese da origem extraterrena. A mulher viria (isto é pura especulação, claro) de outro planeta.
Venho observando-as durante anos - inclusive casei com uma, para poder estudá-las mais de perto – e julgo ter colecionado provas irrefutáveis de que elas não são deste mundo.
Observei que elas não têm os mesmos instintos que nós, e volta e meia são surpreendidas em devaneio, como que captando ordens de outra galáxia, embora disfarcem e digam que só estavam pensando no jantar.
Têm uma lógica completamente diferente da nossa.
Ultimamente, têm tentado dissimular sua peculiaridade, assumindo atitudes masculinas e fazendo coisas - como dirigir grandes empresas e xingar a mãe do motorista ao lado - impensáveis há alguns anos, o que só aumenta a suspeita de que se trata de uma estratégia para camuflar nossas diferenças, que estavam começando a dar na vista.
Quando comentamos o fato, nos acusam de ser machistas, presos preconceitos e incapazes de reconhecer seus direitos, ou então roçam a nossa nuca com o nariz, dizendo coisas como "ioink, ioink" que nos deixam arrepiados e sem argumentos.
Claramente combinaram isto.
Estão sempre combinando maneiras novas de impedir que se descubra que são alienígenas e têm desígnios próprios para a nossa terra. É o que fazem quando vão, todas juntas, ao banheiro, sabendo que não podemos ir atrás para ouvir.
Muitas vezes, mesmo na nossa presença, falam uma linguagem incompreensível que só elas entendem, obviamente um código para transmitir instruções recebidas do Planeta Mãe.
E têm seus golpes baixos. Seus truques covardes. Seus olhos laser, claros ou profundamente escuros, suas bocas.
Meu Deus, algumas até têm sardas no nariz!
Seus seios, aqueles mísseis inteligentes.
Aquela curva suave da coxa quando está chegando no quadril, e a Convenção de Genebra não vê isso!
E as armas químicas - perfumes, loções, cremes. São de uma civilização superior, o que podem nossos tacapes contra os seus exércitos de encantos?
Breve dominarão o mundo. Breve saberemos o que elas querem. E se depois de sair este artigo eu for encontrado morto com sinais de ter sido carinhosamente asfixiado, com um sorriso, minha tese estará certa...


Luis Fernando Veríssimo

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

I Surrender

Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.
Uma das mentiras: É a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.

É muito simples: não podemos.
Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante .
Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova?
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos.
Ah, quanta mentira!
Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não à que faz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour - aquele - das executivas da Madison.
Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida.
Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro.
Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.
É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour.
Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.
Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.
Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo.
E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver . Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.
Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade; impossível, eu diria. Parabéns para quem consegue fingir tudo isso....

by Danuza Leão

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Série Mulheres Motáveis: ARACY MOEBIOS DE CARVALHO GUIMARÃES ROSA

Há 40 anos, em 19/11/1967, falecia um dos grandes nome da nossa literatura, JOÃO GUIMARÃES ROSA.

Erudito, imortal da Academia Brasileira de Letras, sua mais famosa Obra, "Grande Sertão: Veredas", escrito em 1951, foi dedicada à segunda esposa, ARACY MOEBIOS DE CARVALHO DE GUIMARÃES ROSA, ou simplesmente Ara.
Pouco se conhece de ARACY, que preferiu viver no anonimato depois do falecimento do marido. Atualmente com 99 anos de idade, sua vida se torna pública pelos feitos em pról da humanidade, sua luta contra o nazismo e na época da ditadura militar do Brasil. O texto abaixo, inspirado no artigo "Uma certa Aracy", de René Daniel Decol, publicado na Revista Gol (de bordo), de agosto 2007, conta um pouco de sua história.

Uma certa Aracy
Ela era paranaense e foi morar com uma tia na Alemanha, após a sua separação matrimonial.
Por dominar o idioma alemão, o inglês e o francês, fácil lhe foi conseguir uma nomeação para o consulado brasileiro em Hamburgo.
Acabou sendo encarregada da seção de vistos.
No ano de 1938, entrou em vigor, no Brasil, a célebre circular secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. É aí que se revela o coração humanitário de Aracy.
Resolveu ignorar a circular que proibia a concessão de vistos a judeus.
Por sua conta e risco, à revelia das ordens do Itamaraty, continuou a preparar os processos de vistos a judeus.
Como despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos entre a papelada para as assinaturas. Quantas vidas terá salvo das garras nazistas?
Quantos descendentes de judeus andarão pelo nosso país, na atualidade, desconhecedores de que devem sua vida a essa extraordinária mulher?
Cônsul adjunto à época, seu futuro segundo marido, João Guimarães Rosa, não era responsável pelos vistos. Mas sabia o que ela fazia, e a apoiava.
Em Israel, no Museu do Holocausto, há uma placa em homenagem a essa excepcional brasileira. Fica no bosque que tem o nome de Jardim dos Justos entre as Nações.
Seu nome consta da relação de 18 diplomatas que ajudaram a salvar judeus, durante a Segunda Guerra. Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única mulher nesta lista.
Mas seu denodo, sua coragem não pararam aí.
Na vigência do infausto AI 5, já no Brasil, numa reunião de intelectuais e artistas, soube que um compositor era procurado pela ditadura militar.
Dispôs-se a ajudá-lo, dando abrigo, além dele, a outros perseguidos pela ditadura. Com muita coragem, diga-se de passagem.
Reservada, Aracy enviuvou em 1967 e jamais voltou a se casar.
Recusou-se a viver da glória de ter sido a mulher de um dos maiores escritores de todos os tempos. Em verdade, ela tem suas próprias realizações para celebrar.
Hoje, aos 99 anos, pouco se recorda desse passado, cheio de coragem, aventura, determinação, romance, literatura e solidariedade.
Mas a sua história, os seus feitos merecem ser lidos por todos, ensinados nas escolas.
Nossas crianças, os cidadãos do Brasil necessitam de tais modelos para os dias que vivemos.
Aracy desafiou o nazismo, o Estado Novo de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar dos anos 60. Uma mulher que merece nossas homenagens.
Uma brasileira de valor. Uma verdadeira cidadã do mundo.
Uma mulher fascinante, corajosa, moderna, humanista, que lutou contra tudo o que é de mais perverso e castrador, o Nazismo na Alemanha, a Ditadura no Brasil, com raça e destemor, uma mulher que deveria ter seu nome entre os "heróis" dos nossos livros de História, e até mesmo (por que não?) figurar como nome de rua ou de escolas, esta mulher quando é lembrada, é citada apenas como a esposa do grande escritor Guimarães Rosa.
Como denominar tal "ato-falho"? Machismo descarado!
Ou alguém teria outra teoria para esse tão dissimulado esquecimento.
Faço um pedido a homens e mulheres inteligentes e com senso de justiça para divulgar esse fato aos mais novos a fim de que essa história tão bonita não acabe navegando pelo mar da obliteração.

Alívio da TPM traz Felicidade

É chegada a hora de colocar a síndrome mais temida pelas mulheres – e pelos homens - no divã. Segundo a literatura médica e científica, existe mais de 150 sintomas físicos e emocionais diferentes relacionados com o período que anuncia a chegada da menstruação da mulher. A tão falada tensão pré-menstrual ou TPM é freqüentemente associada com problemas de humor, ansiedade, depressão, irritabilidade e nervosismo, mas a análise desses sintomas emocionais merece uma reflexão abrangente e aprofundada.
Durante os mais de 40 anos da minha carreira em que pude atender mais de cinco mil mulheres com idades e perfis dos mais variados, foi possível perceber que o grau de maturidade pode influenciar – direta ou indiretamente – a resposta das mulheres a TPM que se manifesta de formas e intensidades diferentes. Para exemplificar, as mulheres com perfil mais imaturo e egoísta tendem a ter reações de natureza agressiva e se sentem mais facilmente irritadas e impacientes. Elas costumam reagir com muita revolta quando contrariadas e isso acontece desde a adolescência, quando se mostram inconformadas com a condição feminina de sentir cólica ou outras dores, além do aparecimento de espinhas no rosto. Por isso, a tendência é que elas tenham crises de TPM mais freqüentes e intensas pois são menos tolerantes aos desconfortos causados pelas mudanças hormonais. Já as mulheres com perfil mais maduro e que são geralmente fáceis de lidar apresentam normalmente outros sintomas. Elas sofrem mais com depressão, angústia, desânimo e retraimento social.
Outro aspecto é que, em ambos os casos, a intensidade da TPM está relacionada à interferência das variações hormonais no funcionamento da serotonina, neurotransmissor cerebral responsável pelas sensações de prazer. Os baixos níveis dessa substância estão associados à depressão, ansiedade, tensão e ao aumento do consumo de carboidratos, especialmente o chocolate. Esses casos são comuns após os 30 anos de idade, justamente na fase da vida em que a mulher passa a ter ainda mais responsabilidades, acumulando as tarefas de casa e do trabalho. É quando ela precisa aprender a desempenhar, ao mesmo diferente, os diferentes papéis de mulher, profissional, mãe e tantos outros.
Para aliviar esses sintomas da TPM existem alternativas como meditação, massagens, acupuntura, prática de exercícios físicos e a mudança na alimentação, além do uso de medicamentos modernos como o anticoncepcional de baixa dose. Mas o que pouca gente sabe é que a manifestação mais intensa da TPM é conhecida e estudada pela medicina como Síndrome Disfórica Pré-Menstrual (SDPM). O termo “disforia” significa tristeza ou infelicidade e se refere ao mal-estar físico acompanhado por sentimentos depressivos, irritabilidade e pessimismo.
Estudos revelam que a média de duração dos sintomas da TPM severa é de 5-6 dias ao mês, o que corresponde ao total de oito anos – ou 20% do tempo - durante toda a vida reprodutiva da mulher. Os estudos também mostram que, em pelo menos 10% das mulheres adultas, a TPM é uma das principais causas de sintomas depressivos e comportamentos anti-sociais, o que representa uma fonte de sofrimento para milhares de pessoas (não só a mulher, mas também o parceiro, os colegas de trabalho e os familiares que convivem com ela).
E podemos ir mais além. Muitas vezes, o mal-estar ocasionado pelas mudanças hormonais femininas gera angústia e conflitos que podem, inclusive, interferir no processo de evolução na direção da maturidade e equilíbrio pessoal. Ela se pergunta: quem sou eu? Eu sou essa pessoa da TPM ou aquela do resto do mês? Essa dificuldade de formar juízo sobre si mesma acontece porque os sintomas da TPM somam-se a outros conflitos internos de natureza social ou emocional.
Sem dúvida, a TPM diminui o tempo de ser feliz pois, uma vez que a mulher não se sente bem com ela mesma, transforma esse tempo em períodos de implicância, irritação e problemas em suas relações interpessoais mais íntimas. Por tudo isso, é cada vez mais importante que o tema seja tratado de maneira séria e responsável, afinal, a mulher sem TPM é mais feliz!

Texto: Flavio Gikovate (médico e psicoterapeuta, com artigos publicados no Brasil e no exterior)

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Aonde andará meu Doutor

Hoje , acordei sentindo uma dorzinha...
Aquela dor sem explicação
e uma palpitação!
Resolvi procurar um doutor...
Fui divagando pelo caminho...
Lembrei daquele médico que me atendia
vestido de branco e que para mim
tinha um pouco de pai,
de amigo e de anjo...

Meu doutor, que curava a minha dor!
Não apenas a do meu corpo,
mas a da minha alma...
Que me transmitia paz e calma...
Chegando à recepção do consultório,
fui atendida com uma pergunta:
"Qual o seu plano? O meu plano“ Ahhh!
O meu plano é viver mais e feliz!
É dar sorrisos, aquecer os que sentem frio
e preencher esse vazio que sinto agora!
Mas, a resposta teria que ser outra!
O "meu plano de saúde"...
Apresentei o documento do dito cujo,
já meio suado tanto quanto o meu bolso...
E aguardei

Quando fui chamada, corri apressada...
Ia ser atendida pelo doutor,
ele que cura qualquer tipo de dor!
Entrei e o olhei...
Me surpreendi...
Rosto trancado, triste e cansado."
Será que ele estava adoentado?
É, quem sabe, talvez gripado!"
Não tinha um semblante alegre,
provavelmente devido a febre...

Dei um sorriso meio de lado
e um bom dia!
Olhei o ambiente bem decorado.
Sobre a mesa à sua frente um computador
e no seu semblante a sua dor...
O que fizeram com o doutor?
Quando ouvi a sua voz de repente:
"O que a senhora sente?"

Como eu gostaria de saber o que ele estava sentindo...
Parecia mais doente do que eu a paciente...
"Eu? Ah! Sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação"
e esperei a sua reação.
Vai me examinar, escutar a minha voz
e auscultar o meu coração

Para a minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:
- "Peça autorização desses exames para conseguir a realização..."
Quando li quase morri...
"Tomografia computadorizada",
"Ressonância magnética"e "Cintilografia"!
Ai meu Deus! Que agonia!!!
Eu só conhecia uma tal de "abreugrafia"...
Só sabia o que era "ressonar" (dormir),
de "magnético" eu conhecia um olhar...
e "cintilar" só o das estrelas!
Estaria eu a beira da morte?
De ir para o céu?
Iria morrer assim ao léu?

Naquele instante timidamente pensei em falar
"Não terá o senhor uma amostra grátis de
calor humano para aquecer esse meu frio?
O que fazer com essa sensação de vazio?
Me observe doutor!
O tal "Pai da Medicina", o grego Hipócrates
acreditava que,
"A ARTE DA MEDICINA ESTÁ EM OBSERVAR".
Olhe pra mim...

É bem verdade que o juramento dele está
ultrapassado!
Médico não é sacerdote...
Tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...
Mas, por favor me olhe!
Ouça a minha história!
Preciso que o senhor me escute e ausculte!
Me examine!

Estou sentindo falta de dizer até "aquele 33"!
Não me abandone assim de uma vez!
Procure os sinais da minha doença
e cultive a minha esperança!
Alimente a minha mente e o meu coração...
Me dê ao menos uma explicação!
O senhor não se informou se eu ando descalça...
Ando sim!
Gosto de pisar na areia e seguir em frente
deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida,
estarei errada?

Ou estarei com o verme do amarelão?
Existirá umas gotinhas de solução?
Será que já existe vacina contra o tédio?
Ou não terá remédio?
Que falta o senhor me faz, meu antigo doutor!
Cadê o scoot, aquele da emulsão?
Que tinha um gosto horrível mas me deixava forte que nem um "Sansão"!
E o elixir?
Paregórico e categórico

E o chazinho de cidreira, que me deixava a sorrir sem tonteiras?
Será que pensei asneiras?
Ahhh! Meu querido e adoentado doutor!
Sinto saudade...
Dos seus ouvidos para me escutar...
Das suas mãos para me examinar...
Do seu olhar compreensivo e amigo...
Do seu pensar
Do seu sorriso que aliviava a minha dor...
Que me dava forças para lutar contra a doença...
E que estimulava a minha saúde e a minha crença...
Sairei daqui para um ataúde?
Preciso viver e ter saúde!
Por favor me ajude!

Ohhh! Meu Deus,
cuide do meu médico e de mim,
caso contrário chegaremos ao fim...
Porque da consulta só restou uma requisição digitada em um computador
e o olhar vago e cansado do doutor!
Precisamos urgente
dos nossos médicos amigos...
A medicina agoniza...
Ouço até os seus gemidos...

Por favor!
Tragam de volta o meu doutor!
Estamos todos doentes e sentindo dor!
E Peço!!!
PARA O SER HUMANO
UMA RECEITA DE "CALOR“
E PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA
UMA PRESCRIÇÃO DE "AMOR"!


“ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR?”
(desconheço o Autor)
Imagem: Galeno e Hipócrates


Aviso da Lua que Menstrua

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.

Cuidado, moço
às vezes parece erva,
parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia

Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...

Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.

Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.

Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.

Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.

Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos...

Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.

Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.

Não despreze a meditação doméstica.

É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofia
cozinhando, costurando
e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...

Você que não sabe onde está sua cueca?

Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.

E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.

São duas dignas vizinhas do mundo daqui!

O que você tem pra falar de vaca?

O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.

Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.

Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!
_____________________________
Autor: Elisa Lucinda
Nasceu em Vitória, no Espírito Santo, a 02/02/1958.
Descobriu e apaixonou-se pela poesia em tenra idade. Aos onze anos ingressa no Curso de Interpretação Teatral da Poesia, quando começa a declamar poesias.
Formou-se em Jornalismo no ano de 1982 e, a partir de então, iniciou sua carreira teatral.
Em 1986, vai morar no Rio de Janeiro e ingressa no Curso de Interpretação Teatral da Casa de Artes de Laranjeiras (CAL).
Além de escritora, Elisa Lucinda é professora universitária, atriz de teatro, televisão e cinema, mas é sem sombra de dúvidas o “dizer” poesia que mais a encanta e onde ela tem tido maior notoriedade.
No teatro participou de:- Rosa, um musical brasileiro, de Domingos de Oliveira e Joaquim Assis- A Serpente, de Nelson Rodrigues- Bukowski, bicho solto no mundo, adaptação de Ticiana Studart e Domingos de Oliveira
No cinema participou de:- Referências, de Ricardo Bravo- A Causa Secreta, de Sérgio Branchi- Butterfly, de Tonico Servi- O Testamento do Senhor Nepomuceno, de Francisco Manso- A Enxada, de Iberê Cavalcante
Na televisão participou da:- Telenovela Kananga do Japão, de Tisuka Yamasaki- Telenovela Araponga, dirigida por Cécil Thiré- Telenovela sangue do Meu Sangue, dirigida por Nilton Travesso- Minissérie Escrava Anastácia, dirigida por Henrique Martins- Minissérie Mãe-de-santo, dirigida por Henrique Martins- Minissérie Preconceito, sob a direção de Herval Rossano- Minissérie Mulher, dirigida por Daniel Filho
Realizou os seguintes espetáculos solo, shows, recitais e pockets shows, onde a música e a poesia entrelaçam-se:- A Hora Agá, RJ- Pode Café, RJ- O Mar Não Tá Prá Preto, RJ- Há uma na madrugada, RJ, Lisboa e Porto- Casa de Mulher, RJ- Te Pego Pela Palavra, MG- Dona da Frase, BA, SP e MG- O Semelhante, SP, RJ, Cuba, Portugal, República do cabo Verde e Canadá
Prêmios recebidos:- Atriz Revelação no Festival de Cinema Brasileiro (Troféu Candango, 1989 – DF)- Melhor Atriz no Rio Cine Festival (Troféu Sol de Prata, 1990 – RJ)

Sexo na Cabeça

SEXO NA CABEÇA

O psiquiatra Simon Baron-Cohen acredita que a diferença entre homens e mulheres está no cérebro (por Alessandro Greco)

Você já viu um homem chorar no final de uma novela? E uma mulher apaixonada por motores de carro? Pode até ser que sim, mas, mesmo que não consigamos determinar o porquê, essas cenas são muito raras. Para o inglês Simon Baron-Cohen, a questão é a diferença entre o cérebro masculino e o feminino. Diretor do Centro de Pesquisa de Autismo da Universidade de Cambridge, Inglaterra, Baron-Cohen escreveu o recém-lançado livro The Essential Difference: The Truth about the Male and Female Brain ("A Diferença Essencial: a Verdade Sobre o Cérebro Masculino e Feminino", sem tradução para o português). Ele afirma que o cérebro feminino seria, em geral, mais bem adaptado para o mundo social, mais ligado aos sentimentos e emoções. O masculino estaria mais preocupado com o mundo abstrato, com as regras por trás de sistemas como computadores, automóveis, equações matemáticas ou música. A partir do conflito entre o impulso de sistematizar e o de se afeiçoar às coisas do mundo, Baron-Cohen conseguiu trazer novas explicações para doenças como o autismo e para a personalidade de alguns dos maiores cientistas da história, como Albert Einstein e Isaac Newton. De sua casa, em Cambridge, ele conversou com a Super sobre sua obra.

Você acredita que o cérebro masculino é mesmo diferente do feminino?
Minha teoria é psicológica. Eu pesquiso o tipo de informação que atrai mais cada tipo de cérebro. Acredito que a mente masculina é atraída mais facilmente por sistemas e para entender como eles funcionam. Já o cérebro feminino presta mais atenção às emoções.

E de onde vêm essas diferenças?
Elas são uma mistura de experiência de vida e de herança genética. O nosso aprendizado é importante para nos dar mais empatia ou para que possamos entender melhor os sistemas. Mas encontramos diferenças entre homens e mulheres já no nascimento, antes que eles possam ter qualquer experiência. Sabemos que algumas dessas diferenças são fruto de hormônios que agem ainda durante a gestação, que talvez sejam controlados pelos genes.

É possível dizer que cada sexo possui um cérebro de tipo diferente?
Não, as evidências que tenho sugerem que nem todos os homens possuem um cérebro masculino e nem todas as mulheres, um cérebro feminino. Na verdade, há pessoas que possuem um cérebro do tipo oposto ao do gênero do qual fazem parte.

Quais as vantagens e desvantagens de cada tipo de cérebro?
Primeiro, quero deixar claro que um não é melhor que o outro. Eles são simplesmente diferentes. O cérebro feminino tem vantagem no mundo social e o masculino, no mundo abstrato. Se você tem empatia, é fácil entender os sentimentos e pensamentos das outras pessoas sem nenhum esforço. Se você tiver facilidade para sistemizar, pode olhar para um máquina nova ou um sistema abstrato, como um código, e enxergar um padrão sem precisar fazer muita força. O cérebro masculino é muito bem adaptado para matemática, engenharia, computação e para áreas técnicas em geral, em que o conhecimento é organizado de acordo com leis ou regras. O feminino é muito bem adaptado para entender a relação entre as pessoas e para atividades que envolvem o cuidado com gente, como a medicina e o magistério.

Não seria mais vantajoso para a espécie humana ter um cérebro balanceado, bom em sistemas e em empatia?
Sim. A maioria das pessoas tem um cérebro assim. Somente na média as mulheres tendem a ter mais empatia e os homens, uma melhor compreensão de sistemas. Essa diferença parece ser fruto da evolução, que levou cada sexo a ser mais adaptado a uma área.

Em seu livro você fala das formas extremas de cérebro masculino e feminino. Que formas são essas?
Achamos que o cérebro masculino extremo corresponde ao autismo. Essas pessoas acham muito difícil ter empatia e, para elas, o mundo social é muito confuso. Por outro lado, podem passar horas, quase obsessivamente, com sistemas. O cérebro feminino extremo ainda não foi estudado. Especulamos que ele exista e que seja o oposto do masculino extremo.

E por que ele não foi estudado?
Porque pode ser que ele não leve a uma deficiência, como é o caso do autismo.

Você afirma que o autismo pode ser, em parte, hereditário. Por quê?
Há boas evidências de que o autismo atravessa gerações de famílias. Há uma incidência maior dessa doença em famílias com pessoas talentosas em áreas como matemática, física e engenharia do que em famílias com maior habilidade na área de humanas. Ainda não foi encontrado nenhum gene ligado a essa doença, mas há uma boa chance de que podemos encontrá-lo.

Você diz no seu livro que dois dos maiores físicos da história, Isaac Newton e Albert Einstein, podem ter tido síndrome de Asperger, uma variante do autismo em que as pessoas têm raciocínio e linguagem normais, mas muita dificuldade para lidar com o mundo social. Por quê?

Isso é baseado em um artigo publicado este ano pelo professor Ioan James, da Universidade de Oxford, Inglaterra. Ele estudou a vida desses dois físicos – e de outros também – e viu que eles possuíam muitas características de pessoas com síndrome de Asperger. Einstein foi descrito como uma criança solitária e sonhadora, com dificuldade para fazer amigos. Sua fala não era considerada fluente até os 9 anos de idade. Obviamente, não se pode fazer um diagnóstico definitivo de alguém que está morto e, de qualquer forma, seria antiético fazê-lo se a pessoa não estiver procurando ajuda.

Por que é difícil para a pessoa com síndrome de Asperger entender como funciona o mundo social?
O comportamento das pessoas não é previsível – diferentemente do mundo não social, do mundo inanimado. A única forma de entender a ação de outras pessoas é imaginar os pensamentos e sentimentos dela. Se você acha isso difícil, como muitas pessoas com a síndrome de Asperger afirmam achar, o mundo social não é somente complicado, mas muitas vezes assustador.

É possível que alguém com essa síndrome tenha uma vida social normal?
Sim, se as pessoas que estão próximas dela tiverem tolerância e a valorizarem. Se, ao contrário, elas acharem que é difícil lidar com quem sofre desse mal, isso pode levar a problemas muito graves para o portador da síndrome de Asperger, até mesmo à destruição da sua vida social.

Você adiou a publicação do seu livro por alguns anos. Por quê?
Até cinco anos atrás, esse tipo de teoria seria potencialmente controverso. Não teríamos um debate aberto e balanceado. Há 20 anos, essas idéias seriam consideradas sexistas ou simplesmente como algo que tentava perpetuar a discriminação ou a desigualdade entre os sexos. Não estou interessado nessas questões, mas sim na forma como funciona o cérebro masculino e o feminino. Decidi agora lançar meu livro porque já podemos fazer essas perguntas de forma mais aberta.

Qual tipo de cérebro você tem?
Para mim, é muito difícil julgar. Estive envolvido na criação do teste usado para determinar qual o tipo de cérebro que cada pessoa tem. Os testes funcionam melhor quando você não tem nenhum tipo de conhecimento prévio deles. Não é o meu caso.

Alessandro Greco
Copyright © Abril S.A.
Superinteressante - janeiro 2004
Desenho de: Tamara de Lempicka, Adam and Eve

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Corpo Perfeito



Na busca por um corpo perfeito, homens e mulheres de todas as idades têm buscado fórmulas milagrosas para a perda de peso.
Dietas de todos os tipos proliferam na internet, revistas e livros. E neste afã pelo novo vale tudo: restrição de carboidratos, aumento de ingestão protéica e gordurosa, restrição de gorduras a zero, combinação de alimentos, dieta da lua, do grupo sangüíneo, da água e vai por aí a fora.
Diante de tanta oferta e observando o interesse pelo assunto, buscamos colocar alguns pontos importantes, propondo uma reflexão crítica quanto à qualidade e quantidade de uma dieta.
No cérebro humano, um centro neural chamado hipotálamo preocupado com a integridade física do nosso organismo utiliza algumas “estratégias” consideradas reguladoras. Ali estão localizados os centros da fome e da saciedade buscando controlar uma ingestão que seja adequada às necessidades energéticas de cada organismo. A importância deste “sistema inteligente”, se bem compreendida, pode ser de grande auxílio para a manutenção de um corpo saudável e o estabelecimento de bons hábitos alimentares para a vida toda.
Assim, parece de suma importância que alguns conhecimentos possam ser interiorizados por todos: indivíduos em sobrepeso, obesos e desnutridos, crianças, jovens, e adultos, para a manutenção da saúde e prevenção de doenças.
O estômago vazio, através do hormônio grelina emite sinais ao cérebro (hipotálamo) que dispara o centro da fome. Na medida em que a fome é saciada este hormônio diminui sua concentração iniciando a ação do hormônio PYY, que “avisa o cérebro” para que seja acionado o centro da saciedade.
O hormônio grelina é produzido pelo estômago e age quando este está vazio, denunciando a sensação de fome. Na medida que entra o alimento ele vai diminuindo sua concentração. Quando os alimentos passam do estômago para os intestinos há a liberação do hormônio PYY, produzido de forma natural e fisiológica pelo tubo digestivo, que também age no cérebro, ativando o centro da saciedade e “informando ao cérebro que o tubo digestivo contém alimento em processo de digestão e que o sistema nervoso central pode “desligar” a fome e induzir a sensação de saciedade. Este hormônio se mantem elevado no sangue depois de comer e no intervalo das refeições É aqui então que entram em ação as “estratégias” do cérebro humano: num indivíduo que alimenta-se adequadamente, fazendo 5 refeições ao dias em horários regulares, o cérebro interpreta que não existe carência alimentar e portanto não precisa fazer reserva de gordura para “situações de penúria” futura. Assim, o alimento é utilizado pelo organismo para a formação da energia necessária e não é estocada na forma de tecido gorduroso. Ao contrário, o indivíduo que pula refeições imaginando estar “economizando” calorias, apenas estará mandando uma mensagem de carência ao cérebro que então irá “economizar” nutrientes e estes serão armazenados na forma de gorduras para necessidade futura.
Pode-se dizer que nosso inconsciente age a nosso favor salvaguardando nosso organismo e isto, dependendo de nossa conduta alimentar, poderá ser positivo ou negativo. Ou seja, pessoas que se alimentam com menores quantidades de alimentos saudáveis em maior número de vezes ao dia, terão menos episódios de fome e conseqüentemente estarão emagrecendo, justificando a máxima de que para emagrecer é preciso comer.

Por: Sylvia Valin (Nutricionista – CRN 15983)

Cirurgia de lipoaspiração?
Herbert Vianna

Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?
Uma coisa é saúde outra é obsessão.
O mundo pirou, enlouqueceu.
Hoje, Deus é a auto-imagem.
Religião é dieta. Fé, só na estética.
Ritual é malhação.

Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal.
Ruga é contravenção.
Roubar pode, envelhecer não.
Estria é caso de polícia.
Celulite é falta de educação.
Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.
A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem.Imagem, estética, medidas, beleza.
Nada mais importa.
Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.
Não importa o outro, o coletivo.
Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política.
Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar correr, viver muito, ter uma aparência legal mas...
Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados aos vinte anos não é natural.
Não é, não pode ser.
Que as pessoas discutam o assunto.
Que alguém acorde.
Que o mundo mude.
Que eu me acalme.
Que o amor sobreviva.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Saudades


Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

TRUQUES PARA ENGANAR O CORPO



Não são "simpatias". Saiba quais as estratégias fisiológicas para driblar as situações desagradáveis, nas quais nosso organismo nos coloca, como coração disparado no primeiro encontro ou aquela dorzinha do lado que atrapalha a corrida

1. VONTADE DE FAZER XIXI? PENSE EM SACANAGEM: Pensar em sexo mantém o cérebro ocupado, por isso o desconforto parecerá menor. Temos dois impulsos da urina. Quando a bexiga expande, gera um estímulo de urinar, chamado primeiro estímulo, que é suprimível. Agora há um segundo, que é quando a bexiga está com seu volume máximo suportável. Se for esse o caso, aí não adianta pensar em nada.

2. PREVINA A MIOPIA: Segundo a oftalmologista norte-americana Anne Barber, a miopia raramente é resultado da genética. A principal causa é forçar a visão: ficar muito tempo em frente ao computador ou à televisão, por exemplo. Para evitar isso, de tantas em tantas horas durante o dia, feche seus olhos, contraia seu corpo, respire profundamente, e após alguns segundos expire e solte os músculos ao mesmo tempo. Apertar e soltar os músculos, como bíceps e glúteos, pode fazer com que outros músculos, como os dos olhos, relaxem também.

3. APAGUE O FOGO COM AS MÃOS!: Quando queimar o dedo acidentalmente no fogão, limpe a pele e exerça uma leve pressão com a ponta de outro dedo. O gelo iria aliviar a dor mais rapidamente, mas, como o método natural faz com que a pele volte à temperatura normal, há menos chances de formar bolhas.

4. SE A GARGANTA ARRANHAR, COCE A ORELHA: Quando os nervos da orelha são estimulados, isso cria um reflexo na garganta, que causa um espasmo muscular. Esse espasmo alivia a coceira da garganta. Mas esse alívio varia de indivíduo para indivíduo e também depende do tipo de coceira. Por exemplo, o pigarrear do fumante é resultante da tentativa do organismo em manter a fisiologia da traquéia adequada, produzindo muco excessivo. Isso gera irritação, coceira e tosse. Essa coceira não irá melhorar nem esfregando a orelha com palha de aço.

5. MEDO DE AGULHA?: TUSSACientistas alemães descobriram que tossir durante a aplicação de injeção pode diminuir a dor provocada pela agulha. De acordo com os pesquisadores, isso causa um aumento repentino e temporário na pressão exercida no peito e no canal da espinha, inibindo as estruturas condutoras da sensação de dor na medula espinhal. Mas essa inibição é muito rápida, só vale no momento da picada. Há vários tipos de injeção. Por exemplo, a intramuscular, que gera muita dor, e a intradérmica, que gera só a dor da picada na pele. Somente esta última pode ser suprimida por outro estímulo.

6. PARA COMBATER A AZIA, MUDE DE LADO: Estudos mostram que pacientes que dormem virados para o lado esquerdo têm menos chances de sofrer de refluxo estomacal. O estômago e o esôfago estão conectados em um determinado ângulo. Quando você dorme virado para o lado direito, o estômago fica mais alto do que o esôfago, permitindo que a comida e o ácido estomacal deslizem para sua garganta. Quando você vira para o lado esquerdo, o estômago fica mais baixo do que o esôfago, e a gravidade a seu favor. Dependendo da azia, não adianta nem ficar de ponta-cabeça, é preciso procurar um médico.

7. PARA EVITAR AQUELA DOR DO LADO QUANDO VOCÊ CORRE, EXPIRE QUANDO SEU PÉ ESQUERDO TOCAR O SOLO: Se você é como a maioria das pessoas, quando corre você expira quando seu pé direito toca o chão. Isso coloca pressão no seu fígado (localizado no lado direito), que o repassa para o diafragma e produz aquela "dorzinha do lado". Por isso o conselho é exalar o ar quando seu pé esquerdo tocar o chão.

8. FAÇA O MUNDO PARAR DE GIRAR: Para acabar com aquela tontura resultante de uns drinques a mais, basta colocar suas mãos em algum lugar estável. O órgão responsável pelo equilíbrio, a cóclea, flutua em um fluido que tem a mesma densidade que o sangue. À medida que o álcool dilui o sangue na cóclea, o órgão se torna menos denso. Isso confunde o cérebro. A informação tátil de um objeto estável dá ao cérebro uma "segunda opinião", e você fica mais equilibrado. Como os nervos das mãos são muito sensíveis, a tática funciona melhor do que manter os pés no chão.

9. DERRETA SEU CÉREBRO: Para evitar aquela dor de cabeça característica de quando se toma uma grande quantidade de sorvete muito rápido, pressione sua língua contra o céu da boca. Como os nervos da região ficarão extremamente gelados, seu corpo irá pensar que seu cérebro também está congelando. Quanto mais pressão você aplicar no céu da boca, mais rápido a dor de cabeça irá diminuir.

10. O CORAÇÃO DISPAROU? ASSOPRE: Para controlar o nervosismo que que antecede a entrevista de emprego ou o primeiro encontro, assopre bastante (num saquinho, no seu dedo ou em qualquer outro lugar). A estratégia funciona porque, quando sofremos uma grande descarga nervosa e não estamos em movimento, temos uma hiperventilação. Quando isso acontece, temos um aumento na concentração de oxigênio em um lugar chamado gás alveolar, que se localiza no alvéolo pulmonar (onde ocorrem as trocas de gases no pulmão). Quando respiramos dentro de um saquinho, por exemplo, o efeito é a diminuição da freqüência cardíaca, devido à redução do oxigênio no gás alveolar. Isso faz com que a freqüência cardíaca volte ao normal rapidamente, sem precisar de calmantes.

Fonte: Renato Romani, fisiologista, professor do curso de medicina do esporte do Cemafe/Unifesp

Colaboração: Fernanda Colavitti

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Carta de Clarisse



"Não pense que a pessoa tem tanta força assim
a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma.
Até cortar os defeitos pode ser perigoso
- nunca se sabe qual o defeito que sustenta
nosso edifício inteiro.
Há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo.
Quase quatro anos me transformaram muito.
Do momento em que me resignei,
perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas.
Você já viu como um touro castrado
se transforma em boi.
Assim fiquei eu...
Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas
repulsas e meus sonhos,
tive que cortar meus grilhões -
cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim.
E com isso cortei também a minha força.
Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você
- respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você
- não copie uma pessoa ideal,
copie você mesma -
é esse seu único meio de viver.
Juro por Deus que, se houvesse um céu,
uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida
e iria para um inferno qualquer.
Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão.
Pegue para você o que lhe pertence,
e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige.
Parece uma vida amoral.
Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma.
Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber.
Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma".

Trecho publicado pelo fantástico,
pelo escritor Caio F. Abreu.
É, talvez, uma carta de Clarice Lispector escrita a uma amiga brasileira.
Um desabafo que segundo Caio, é tão Clarice que não tem como ser de outra pessoa.
1947- Berna - Suiça
.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007




Para Entender Uma Mulher...
Carlos Drumond de Andrade

Para entender uma mulher é preciso mais que deitar-se com ela... Há de se ter mais sonhos e cartas na mesa que se possa prever nossa vã pretensão...


Para possuir uma mulher é preciso mais do que fazê-la sentir-se em êxtase numa cama, em uma seda, com toda viril possibilidade... Há de se conseguir fazê-la sorrir antes do próximo encontro

Para conhecer uma mulher, mais que em seu orgasmo, tem de ser mais que amante perfeito... Há de se ter o jeito certo ao sair, e fazer da saudade e das lembranças, todo sorriso...

- O potente, o amante, o homem viril, são homens bons... bons homens de abraços e passos firmes... bons homens pra se contar histórias... Há, porém, o homem certo, de todo instante: O de depois!

Para conquistar uma mulher, mais que ser este amante, há de se querer o amanhã,e depois do amor um silêncio de cumplicidade... e mostrar que o que se quis é menor do que o que não se deve perder.

É esperar amanhecer, e nem lembrar do relógio ou café... Há que ser mulher, por um triz e, então, ser feliz!

Para amar uma mulher, mais que entendê-la, mais que conhecê-la, mais que possuí-la, é preciso honrar a obra de Deus, e merecer um sorriso escondido, e também ser possuído e, ainda assim, também ser viril...

Para amar uma mulher, mais que tentar conquistá-la, há de ser conquistado... todo tomado e, com um pouco de sorte, também ser amado!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O Nascer para o Além...


Há quem morra todos os dias.
Morre no orgulho, na ignorância, na fraqueza.
Morre um dia, mas nasce outro.
Morre a semente, mas nasce a flor.
Morre o homem para o mundo, mas nasce para Deus.
Assim, em toda morte, deve haver uma nova vida.
Esta é a esperança do ser humano que crê em Deus.
Triste é ver gente morrendo por antecipação...
De desgosto, de tristeza, de solidão.
Pessoas fumando, bebendo, acabando com a vida.
Essa gente empurrando a vida.
Gritando, perdendo-se.
Gente que vai morrendo um pouco, a cada dia que passa.
E a lembrança de nossos mortos, despertando, em nós, o desejo de abraçá-los outra vez.
Essa vontade de rasgar o infinito para descobri-los. De retroceder no tempo e segurar a vida. Ausência: - porque não há formas para se tocar.
Presença: - porque se pode sentir.
Essa lágrima cristalizada, distante e intocável.
Essa saudade machucando o coração.
Esse infinito rolando sobre a nossa pequenez. Esse céu azul e misterioso.
Ah! Aqueles que já partiram!
Aqueles que viveram entre nós.
Que encheram de sorrisos e de paz a nossa vida.
Foram para o além deixando este vazio inconsolável.
Que a gente, às vezes, disfarça para esquecer.
Deles guardamos até os mais simples gestos. Sentimos, quando mergulhados em oração, o
ruído de seus passos e o som de suas vozes.
A lembrança dos dias alegres.
Daquela mão nos amparando.
Daquela lágrima que vimos correr.
Da vontade de ficar quando era hora de partir. Essa vontade de rever novamente aquele rosto.
Esse arrependimento de não ter dado maiores alegrias.
Essa prece que diz tudo.
Esse soluço que morre na garganta...
E...
Há tanta gente morrendo a cada dia, sem partir. Esta saudade do tamanho do infinito caindo sobre nós.
Esta lembrança dos que já foram para a eternidade.
Meu Deus!
Que ausência tão cheia de presença!
Que morte tão cheia de esperança e de vida!

Texto: Padre Juca
Adaptação: Sandra Zilio