quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Atritos


Ninguém muda ninguém;
ninguém muda sozinho;
nós mudamos nos encontros.

Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.

Somos transformados a partir dos encontros,
desde que estejamos abertos e livres
para sermos impactados
pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras
que estão na nascente de um rio,
e as pedras que estão em sua foz?
As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.
À medida que elas vão sendo carregadas
pelo rio, sofrendo a ação da água
e se atritando com as outras pedras,
ao longo de muitos anos,
elas vão sendo polidas, desbastadas.
Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.

A observação mais importante é constatar
que não existem sentimentos, bons ou ruins,
sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela vida sem se permitir
um relacionamento próximo com o outro,
é não crescer, não evoluir, não se transformar.
É começar e terminar a existência
com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.

Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser
várias marcas de pessoas extremamente importantes.
Pessoas que, no contato com elas,
me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor,
mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvida,
com suas ações e palavras me criaram novas arestas,
que precisaram ser desbastadas.
Faz parte...
Reveses momentâneos servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.

Penso que existe algo mais profundo,
ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de excessos.
Os seres de grande valor,
percebem que ao final da vida,
foram perdendo todos os excessos
que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...
Quando finalmente aceitamos
que somos pequenos, ínfimos,
dada a compreensão da existência
e importância do outro,
e principalmente da grandeza de DEUS,
é que finalmente nos tornamos grandes em valor.
Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira
de excesso para chegar ao seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor...
Pois, DEUS fez a cada um de nós com um âmago bem forte
e muito parecido com o diamante bruto,
constituído de muitos elementos,
mas essencialmente de AMOR.
DEUS deu a cada um de nós essa capacidade,
a de AMAR...

Mas temos que aprender como.
Para chegarmos a esse âmago,
temos que nos permitir,
através dos relacionamentos,
ir desbastando todos os excessos
que nos impedem de usá-lo,
de fazê-lo brilhar.

Por muito tempo em minha vida acreditei
que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido,
ter e provocar raiva,
ignorar e ser ignorado
faz parte da construção do aprendizado do amor
Não compreendia que se aprende a amar
sentindo todos esses sentimentos contraditórios e...
os superando.

Ora, esses sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...
E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE!
Não existe outra forma de descobrir o AMOR.
E sem ele a VIDA não tem significado.


Texto: Roberto Crema, Presidente do Colégio Internacional dos Terapeutas – UNIPAZ.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Constatação


Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos pais. E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos, mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história. O grave é que estamos lidando com crianças mais 'espertas', ousadas, agressivas e poderosas do que nunca.
Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo ao outro. Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos.
Os últimos que tiveram medo dos pais e os primeiros que temem os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é pior, os últimos que respeitaram os pais e os primeiros que aceitam que os filhos lhes faltem com o respeito.
À medida em que o permissivo substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudaram de forma radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam as suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais.
Mas, à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, e, ainda que pouco, os respeitem. E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E, além disso, os patrocinem no que necessitarem para tal fim.
Quer dizer, os papéis se inverteram, e agora são os pais quem têm de agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado. Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para serem os melhores amigos e 'tudo dar' a seus filhos. Dizem que os extremos se atraem.
Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles.Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão.Se o autoritarismo suplanta, a permissividade sufoca.
Apenas uma atitude firme e respeitosa lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.É assim que evitaremos o afogamento das novas gerações no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino. Os limites abrigam o indivíduo, com amor ilimitado e profundo respeito.

'Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos'.

Texto:Mônica Monasterio (Madri-Espanha)

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Para lhe Deixar Feliz...


Mário Quintana

A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos
conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar
lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

Imagem: Árvore da Felicidade, Polyscias guilfoylei ‘Laciniata’; Família das araliáceas; Origem: Ásia, Polinésia; Porte: arbusto de até 2 metros; Flores: insignificantes e raras; Propagação: por estaquia da ponta de ramos

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Magnólias


AS MAGNÓLIAS ESTÃO FLORIDAS.
Não precisei ver.
A beleza das flores minúsculas
não chega através dos olhos,
como as flores dos ipês.
Chega através do nariz.
Perfume delicioso.
Há um condomínio elegante
em Campinas todo arborizado com magnólias.
Mas notei que havia uma exceção:
uma casa em cuja frente não havia magnólias.
Um morador me informou que a moradora
mandou cortar as magnólias
porque suas folhas sujavam as calçadas.
ONDE NASCE O PENSAMENTO:
O que todo mundo diz é que o pensamento nasce no cérebro.
Discordo.
Acho que ele nasce nas mãos.
Pensamos a partir daquilo que nossas mãos fazem.
Quem segura vassouras pensa em varrer.
Muitas pessoas de mãos delicadas e anéis de brilhante no dedo,
ao mandar cortar as árvores
revelam que, na verdade,
suas mãos foram educadas pelas vassouras.
Ainda não se desgrudaram das vassouras...

RUBEM ALVES

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A Unidade do Ser


São em número de 6 os principais Livros Sagrados a que temos acesso para nosso crescimento pessoal: o Bhagavad-Gita, o Antigo Testamento, o Tri-Pitakas, o Novo Testamento, o Alcorão, e o Kitáb-i-Aqdas.
O Kitáb-i-Aqdas é o mais recente livro sagrado da humanidade, revelado em árabe em meados do século passado. Ficou acessível ao Ocidente no ano de 1993 através da tradução para o inglês, a partir da qual rapidamente procedeu-se à tradução para inumeráveis outros idiomas, inclusive para a língua portuguesa.

Foi escrito por Bahá’u’lláh, que também foi o iniciador da Fé Bahá’í , religião mundial independente, com suas próprias leis e escrituras sagradas, surgida na antiga Pérsia, atual Irã em 1844, que não possui dogmas, rituais, clero ou sacerdócio. Tem como um de seus objetivos principais promover a criação de uma sociedade planetária sem distinção de raça, cor, credo, nacionalidade ou filiação política.
Os ensinamentos de Bahá'u'lláh se voltam à unidade do gênero humano. Para a consecução desta meta, ele delineou os princípios básicos, que levados à prática, dariam início a um novo estágio na história humana: a livre pesquisa da verdade, sem influência ou preconceito, isto é, a verdade é uma só e é indivisível. Alertava a humanidade para ver Deus "com seus próprios olhos" e não pelos de outrem. Assim formulara o princípio de que a revelação divina é contínua e progressiva. Ou seja: existe Um Deus, Uma Verdade, Uma Humanidade. Estamos diante de uma grande escola que seria a humanidade. Os professores desta escola chamaram-se Abraão, Krishna, Moisés, Zoroastro, Cristo, Buda, Maomé, o Báb e agora Bahá’u’lláh. Todos ensinaram o amor ao próximo, o amor a Deus, e trouxeram leis e ensinamentos adequados à época em que vieram.
Os Bahá'ís são aqueles que seguem os ensinamentos de Bahá'u'lláh, e que se dedicam à causa da paz mundial e à fraternidade humana. A Fé Bahá'í ensina que da mesma forma que só existe um Deus, assim também existe somente uma Religião. Todos os grandes Profetas têm ensinado esta mesma e única Religião. Não há salvação exclusiva para os hindus, judeus, zoroastrianos, budistas, muçulmanos, cristãos ou Bahá'ís. Todas as religiões, puras e sagradas, são a eterna Religião de Deus que persistirá para sempre. Existe apenas uma Religião Divina para todas as idades. Ela é eterna, viva, crescente e progressiva.
A Comunidade Bahá’is, com aproximadamente 6 milhões de adeptos, é a segunda religião mais difundida no mundo, superada apenas pelo Cristianismo, conforme afirma a Enciclopédia Britânica. Os Bahá’ís residem em 178 países do mundo, em praticamente todos os territórios e ilhas do globo.
Estabeleceu-se no Brasil desde fevereiro de 1921, e hoje os bahá’ís formam um contingente de aproximadamente 47.000 pessoas, das mais diversas classes sociais, culturais e econômicas, residentes em aproximadamente 1.215 cidades e municípios brasileiros, em todas as regiões.
Em 1992, durante a realização da Conferência Mundial para Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco 92, a Comunidade Bahá’í dirigiu a palavra a todos os Chefes de Estado e Governo na Conferência Oficial, e ofereceu à cidade do Rio de Janeiro e a todos os que promoveram a Conferência Mundial, um monumento em forma de ampulheta, dedicado à Paz Mundial, estabelecido no Aterro do Flamengo. Na cintura do monumento foram colocada porções de terra de 85 países, exemplificando a conhecida frase de Bahá’u’lláh de que "a terra é um só país, e os seres humanos seus cidadãos".

"Sê generoso na prosperidade e grato no infortúnio.
Sê digno da confiança de teu próximo e dirige-lhe um olhar afetuoso e acolhedor.
Sê um tesouro para o pobre, advertência ao rico, resposta ao clamor do necessitado, guarda fiel da santidade de tua promessa.
Sê reto no teu julgamento e discreto nas tuas palavras. Com ninguém sejas injusto e a todos mostrai brandura.
Sê como lâmpada para os que caminham nas trevas, alegria para o triste, água para o sedento, refúgio ao abatido, sustentáculo e defesa da vítima da opressão.
Integridade e retidão sejam a divisa de todos os teus atos.
Sê lar para o forasteiro, bálsamo para o sofredor, fortaleza para o perseguido.
Sê olhos para os cegos e farol para os pés dos desencaminhados.
Sê face da verdade, sê adorno; coroa, na fronte da fidelidade; coluna no templo da retidão; sopro de vida, no corpo da humanidade; emblema dos que buscam a justiça; estrela sobre o horizonte da virtude; orvalho no solo do coração; arca no oceano do conhecimento; sol no céu da generosidade; jóia no diadema da sabedoria; luz radiante no firmamento de tua geração; fruto na árvore da humanidade."

Bahá’u’lláh
(1817-1892)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Dança Comigo?


Dança comigo, segura minha mão,
estremeço...
Deixo-me conduzir por você e pela música.
Precisão de movimentos numa linguagem poética!
Dança comigo, expressando emoções
que invadem o corpo, desnudam a alma...
Puxa-me assim, e envolve meu corpo,
gesto que seduz.
Faz com que nossos corpos se aproximem.
Seu olhar seduzindo-me nos acordes dos
seus carinhos.
Suavemente coloca minha cabeça em seu peito
Aperta-me em teu coração, respiro teu perfume
exalando sensualidade e hipnotizando –me
Delicia sentir sua mão
espalmada em minhas costas nuas...
Perco a noção,
entorpece-me, quando desenha a linha da coluna.
Dança comigo,
Sinta-me...
Deixa a música da minha ternura, ser a sinfonia da sua alma.
Não quero abrir os olhos, deixe que este momento
seja eterno.
A boca procura meu pescoço, a voz rouca ao ouvido,
enlouqueço...
Vem...
dança...
Fecho os olhos enquanto me beija em silêncio...
E continuo dançando, seduzida pelas carícias, e suspiros...
Não apresse esta hora mágica.
Vem, dança comigo...
Até a eternidade de o nosso sonhar...
Até a música acabar...
Ou até aonde o amor for capaz de nos levar...
Dança comigo...

(Glória Salles)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Quanto você Vale?



Peça para um publicitário descrever um botão de camisa.
Você ficará deslumbrado com tantas funcionalidades que ele vai achar
para o botão, e vai até mudar o seu conceito sobre o pobre botãozinho.

Peça para uma pessoa apaixonada descrever a pessoa amada,
aquela pessoa bem "feiazinha" que você conhece desde a infância,
e vai até pensar que ele está falando de outra pessoa.
O apaixonado enche a descrição de delicadezas,
doçura e gentilezas, transformando a fera em bela em instantes

Peça para o poeta descrever o sol e a lua, e você vai se encantar pelos poderes
apaixonantes da lua, pela beleza do sol que irradia seus raios
como se fossem gotas do milagre divino no arrebalde da tarde quente,
onde o amor convida os apaixonados para viver a vida intensamente.

Peça para um economista falar da economia mundial,
e tome uma lição de números e mercados,
bolsas e câmbios oscilantes, inflação e mercados emergentes,
e se não sair de perto, vai acreditar que, em breve,
teremos a maior recessão da história e que a China
é o melhor lugar do mundo para se viver.

Agora, peça para uma pessoa desanimada
ou depressiva falar da vida, do sol, da lua, dos botões,
das rosas e do amor para você ver.
Pegue um banquinho e um lenço,
e sente-se para chorar.
É só reclamação,
frustração, dores, misérias
e desconfiança geral.

Você sente a energia lhe contaminando,
vai fazendo mal, vai lhe deixando sem forças,
porque os desanimados, os reclamões e depressivos
tem o poder vampiresco de sugar energias do bem
e transformar em medo.
E o medo paralisa as pessoas de tal forma,
que fica difícil até o mais simples pensar.

E você?
Como é que você descreve a sua vida?
Quem é você para você mesmo?
Como seria um comercial da sua vida?
Como você venderia o produto "você"?
Você é barato, tem custo acessível
ou é daquelas figuras caras, daquelas que não tem tempo
para perder com a tristeza e com o passado?
Você tem 1001 utilidades?
Aliás, você vive em que século mesmo?

São os seus olhos que refletem
o que vai na sua alma, e o que vai na sua alma
se reflete na qualidade de vida que você leva.
É o seu trabalho que representa o seu talento,
ou não?

Por isso, não tem outro jeito,
seja o melhor divulgador de você mesmo,
valorize-se,
esteja sempre pronto para dar o seu melhor,
com seu melhor sorriso,
com sua melhor roupa,
com seu melhor sentimento,
com suas melhores intenções,
com sua gentileza
sempre pronto para entrar em ação.

Seja Omo, Brastemp, Lux de luxo,
e se for chocolate, que seja logo Godiva,
suíço e caro,
porque gente especial igual a você
não existe em nenhum mercado,
e tem que valer sempre mais.

Valorize-se!
não importa o que você faz,
importa sim como você faz.
Isso sim, faz toda a diferença!


Texto: Paulo Roberto Gaefke

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Elo com o Paraíso



Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento.

Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz.
(Milan Kundera)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Eu Sou



“No princípio era o Verbo”.
Entre as várias interpretações dessa assertiva afirma-se que o Universo se fez através de uma ordem expressa de Deus.
As palavras têm um peso muito grande em nossas vidas: elas elogiam e criticam, perdoam e condenam. É através das palavras que nos dirigimos ao Deus Supremo. As palavras, as ações e o pensamento é que dinamizam, movimentam o Universo e temos observado que agora, mais do que nunca, as pessoas estão orando. Descobriram que a oração as fortalece, dá-lhes alento e através delas as situações difíceis do mundo podem ser modificadas. Não importa qual nosso credo, interessa que direcionemos as palavras ao nosso Eu maior, canal de dupla mão:“ peça e receberá, bata e a porta se abrirá”.
Não é necessário que usemos palavras convencionais, orações formais. Embora saibamos que o peso das palavras geram uma onda energética. Existem várias orações que são fruto de um momento mágico quando foram proferidas, tais como o Pai-Nosso, a oração de São Francisco de Assis, a Prece de Cáritas, entre outras, e que se perpetuaram. Se notarmos, veremos que todas elas pedem e agradecem. Automaticamente, elas agradecem antecipadamente às graças que pedimos, sem esperarmos para rcebê-las. Esse é o grande segredo.
No Livro de Ouro de Saint Germain (editora Ponte para a Liberdade) aprendemos que as orações não são pedidos lamurientos à Divindade. Como Jesus nos ensinou, sabemos que basta pedir para receber e, portanto, o tratamento deve ser dirigido em tom de certeza do retorno. Bastou pedirmos e receberemos. E como já sabemos, somos células divinas, partes de Deus. Da mesma maneira que não imploramos ao nosso fígado, ou pulmões ou rins e às células que os constituem que funcionem normalmente, também não precisamos implorar a Deus. Nós esperamos que ele nos atenda, temos certeza que ele já nos atendeu.
Mas a recíproca é verdadeira: embora uma partícula divina, Deus espera que cumpramos nossas funções, ele não nos implorará que atendamos aos preceitos, espera que façamos nossa parte na evolução.
Se não precisamos implorar a Deus, quem somos nós, então? Já sabemos que somos egos, personalidades, que temos dentro de nós a divindade, o canal que faz a ligação direta com o Poder maior, o Deus supremo. Nosso self é esse canal de ligação, é a perfeição. Então, dentro e fora de nós, intrínseco em nós, existe o EU SOU, que é nosso Eu Superior ou Real, é o Deus que habita em nós, é o que realmente Eu Sou, independentemente da personalidade através da qual eu me expresso, é minha essência. “EU SOU o Caminho, a Ressurreição e a Vida”.
No instante em que paramos de duvidar da célula divina que nos habita, no momento em que temos a certeza de que Deus nunca nos faltará porque ele existe em nós, nessa hora expressaremos e verbalizaremos as palavras: eu sou porque EU SOU, reconhecendo nossa própria divindade.
Então, quando dizemos EU SOU isto, EU SOU aquilo, estamos colocando Deus em Ação. Pôr outro lado, quando afirmamos “não sou isso, não sou aquilo, eu não posso, eu não tenho (e tantos outros não)”, também estaremos incitando uma ação.
Dessa maneira, temos que mudar definitivamente nossas afirmações, vigiarmos severamente nossos pensamentos e palavras para não incorrermos no erro de programar incorretamente nossa vida.. Se eu digo eu sou, estou mesmo dizendo EU SOU; se eu digo eu não sou, também estou dizendo eu NÃO SOU, NÃO TENHO, NÃO POSSO.
Em qualquer das duas formas, sou ou não sou, estou movimentando uma ação e estarei recebendo exatamente o que estou pedindo. Da mesma maneira temos que vigiar para não expressarmos o EU SOU acrescido de qualquer adjetivo negativista, por exemplo, eu sou doente, eu sou infeliz, pois dessa maneira também estaremos expressando a Ação e essa ação se realiza. Temos sempre que expressar o EU SOU positivamente, tal como “eu sou sadio, eu sou feliz”.
Então, o primeiro passo à partir de agora é mudarmos nossos pensamentos, expressões e verbalizações.
Quando em digo EU SOU, tenho mesmo que acreditar que sou, sou feliz, saudável, tenho abundância, tenho o que preciso. Sugerimos uma oração, um apelo que dirigiremos diariamente ao Universo, para permanecermos fiéis ao EU SOU e, à partir daí, tudo mudar em nossa vida:

“A primeira expressão de todo indivíduo em qualquer
ponto do Universo, quer seja em palavra falada, quer
em pensamento ou sentimento silencioso é EU SOU,
ao reconhecer sua própria Vitoriosa Divindade”.
(Saint Germain)
Texto extraído do livro de nossa autoria, "Felicidade e Evolução"

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

É Tempo de Amar!


É tempo de sonhar...

Doces sonhos...

Onde não há tempo...

Não há distâncias...

Quero voar!

Viajo no tempo,

Cubro todas as distâncias...

Velejo nas ondas do vento,

Tendo como bússola o coração...

Refresco-me na saudade,

Encontro anjos e astros...

Sinto-me leve, solta...

Respiro AMOR

Emano FELICIDADE

Encontro VOCÊ,

Sob a luz do luar...

Desperto!

Já não sonho...

É tempo de amar

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Acabou nosso Carnaval

MARCHA DA QUARTA FEIRA DE CINZAS

Acabou nosso carnaval, ninguém, ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê é uma gente que nem se vê
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando, dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança, contente da vida feliz a cantar

Porque são tão tantas coisas azuis, há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver e brincar outros carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz

Imagem: "Quarta Fera de Cinzas", obra do pintor alemão, Carl Spitzweg
Letra: Vinicius de Moraes
Música: Carlos Lyra
Primeira gravação: Jorge Goulart, em fevereiro de 1963

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Noite dos Mascarados

Chico Buarque de Holanda, 1966


Quem é você?
Adivinhe, se gosta de mim
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
Quem é você, diga logo
Que eu quero saber o seu jogo
Que eu quero morrer no seu bloco
Que eu quero me arder no seu fogo
Eu sou seresteiro
Poeta e cantor
O meu tempo inteiro
Só zombo do amor
Eu tenho um pandeiro
Só quero violão
Eu nado em dinheiro
Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte
Não sei mais dançar
Eu, modéstia à parte
Nasci pra sambar
Eu sou tão menina
Meu tempo passou
Eu sou Colombina
Eu sou Pierrot

Mas é carnaval
Não me diga mais quem é você
Amanhã, tudo volta ao normal
Deixe a festa acabar
Deixe o barco correr
Deixe o dia raiar
Que hoje eu sou
Da maneira que você me quer
O que você pedir
Eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser

sábado, 2 de fevereiro de 2008

É Carnaval!!!!

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Literatura e Carnaval: Fragmentos de um inventário da alegria

Quando Jorge Amado publicou seu primeiro romance em 1931, o Brasil já era O país do carnaval. O protagonista da narrativa retornava ao país depois de anos em Paris. Voltara afrancesado e pedante, achando que tudo aqui representava atraso. Ele aporta no Rio de Janeiro em pleno carnaval: a cidade ferve de calor e alegria e o samba corre em todos os ouvidos. Ele observa tudo entre o olhar crítico e lascivo e enfim rende-se aos encantos da festa.

Este exemplo nos dá uma impressão de que existe uma vertente da cultura letrada interessada no tema, a ponto de fixar sua atmosfera nas páginas de literatura. Nada mais cabível num país que, de forma bastante original, forjou para si um momento de catarse coletiva, dando indícios de uma identidade cujos traços de irreverência, crítica e insatisfação podem mostrar-se, embora escondidos sob a máscara da celebração com música, cores, imaginação e sensualidade. Materiais mais do que adequados para exercícios de plasticidade descritiva, que a literatura faz, entre as reflexões sobre o homem e sua condição. Os nossos escritores não ficaram alheios a isso, sobretudo na literatura do século XX.

Se mapearmos a produção literária brasileira, em diversos gêneros, observaremos a recorrência do tema. Desde João do Rio, uma tradição se fortaleceu. O cronista escreveu sobre a magia e a lascívia dos cordões, das guerras de confete, dos corsos, das fantasias, dos encontros às escuras e sobre como a Rua do Ouvidor se tornava intransitável. O seu carnaval era o da região central do Rio, com seus blocos de sujos e entrudos. Em “O bebê de tarlatana rosa”, seu conto mais conhecido, essas práticas são ficcionalizadas, porém envoltas numa atmosfera que beira o horror e causa nojo. Numa linguagem totalmente pessoal, o escritor manda seu recado: caídas as máscaras, pode-se encontrar podridão. Ele abriria, assim, caminhos para o Modernismo. Aliás a própria Semana de Arte Moderna ocorreu em fevereiro. Mera coincidência?

Mário de Andrade foi um dos que soube fazer do carnaval pano de fundo para situações de seus personagens. Em Amar, verbo intransitivo, a narrativa finda com uma cena de carnaval. Na paulicéia desvairada e carnavalesca não há espaço para as tristezas, mas para os projetos de um futuro que chegará depois da quarta-feira de cinzas.

Oswald de Andrade, em Pau Brasil, deixou poemas sobre o tema. Mas foi com “Escapulário” que pôde virar item de carnaval. Os versos “No Pão de Açúcar/De cada dia/Dai-nos Senhor/A Poesia/De cada dia” foram musicados por Caetano Veloso, transformando-o em um sambão bem adequado a um desfile momino e à necessidade de poesia no cotidiano que os carnavalescos, às vezes, entendem bem.

Manuel Bandeira publicou, antes da Semana, um livro de poesia apropriadamente intitulado Carnaval. Ali aparecem pierrôs, colombinas, arlequins, fantasias e musicalidade que sobra num poeta que transita do simbolismo para o varguardismo modernista. O “Sonho de uma terça-feira gorda” e o “Poema de uma quarta-feira de cinzas” são expressões de um pensamento poético que já ruma para o cotidiano, ao qual o poeta será freqüentemente associado.

Mesmo Clarice Lispector lembrou-se do carnaval no conto “Restos do carnaval”, em que uma menina fantasiada de flor vive a tristeza de ter a mãe doente em casa. Depois de ter saído na chuva para conseguir remédio, a flor murcha, a fantasia se destrói; e a sua única salvação seria ainda ser reconhecida como flor, e não como simples menina... Clarice ainda estava longe de mostrar a alegria de que é constituído o festejo, pois mostra-se uma alegria difícil e melancólica de um carnaval quase malogrado.

Luís Fernando Verísssimo colocou num de seus contos de verão uma situação de carnaval. Trata-se de um flerte de crianças, que só ocorre no carnaval e se repete no baile do ano seguinte. A cada ano, uma nova fantasia; até que “Bandeira branca” anuncia a terna alegria do romantismo de carnaval...

Alegria fácil ou difícil, o fato é que o carnaval permanece tema que mobiliza os escritores. A adoção do tema por prosadores e poetas chama a atenção para seu senso de oportunidade no trato com o material de que se origina a literatura: como pretexto para escrever sobre coisas da vida, toma-se o carnaval como ambiente para a problemática de personagens – a festa se entremeia a vidas. Neste sentido, a literatura, como outras manifestações artísticas, apodera-se do vivido pelo povo como forma de representar o real. E o carnaval faz parte deste nosso real.


Por Miguel Leocádio Araújo