quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Faça Novo o teu Ano


Neste ano novo, faça-te novo, reduzas a tua ansiedade, cultivas flores no canteiro da alma, regues de ternura teus sentimentos mais profundos, imprimas a teus passos o ritmo das tartarugas e a leveza das garças.

Não te mires nos outros; a inveja é um cancro que mina a auto-estima, fomenta a revolta e abre, no centro do coração, o buraco no qual se precipita o próprio invejoso. Mira-te em ti mesmo, assumas teus talentos, acredites em tua criatividade, abrace com amor tua singularidade. Evitas, porém, o olhar narciso. Sejas solidário; aos estender aos outros as tuas mãos estarás oxigenando a própria vida. Não seja refém de teu egoísmo.

Cuida-te da língua. Não professes difamações e injúrias. O ódio destrói quem odeia, não o odiado. Troque a maledicência pela benevolência. Comprometa-te a expressar ao menos cinco elogios por dia. Tua saúde espiritual agradecerá.

Não desperdices tua existência hipnotizado pela TV ou navegando aleatoriamente pela internet, naufragado no turbilhão de imagens e informações que não consegues transformar em síntese cognitiva. Não deixes que a espetacularização da mídia anule tua capacidade de sonhar e te transforme em consumista compulsivo. A publicidade sugere felicidade e, no entanto, nada oferece senão prazeres momentâneos.

Centra tua vida em bens infinitos, nunca nos finitos. Leia muito, reflitas, ouse buscar o silêncio neste mundo ruidoso. Lá encontrarás a ti mesmo e, com certeza, um Outro que vive em ti e quase nunca é escutado.

Cuida da saúde, mas sem a obsessão dos anoréticos e a compulsão dos que devoram alimentos com os olhos. Caminhas, pratiques exercícios aeróbicos, sem descuidar de acarinhar tuas rugas e não temer as marcas do tempo em teu corpo. Freqüentes também uma academia de malhar o espírito. E passe nele os cremes revitalizadores da generosidade e da compaixão.

Não dês importância ao que é fugaz, nem confundas o urgente com o prioritário. Não te deixes guiar pelos modismos. Faças como Sócrates, observe quantas coisas são oferecidas nas lojas que tu não precisas para ser feliz. Jamais deixes passar um dia sem um momento de oração. Se não tens fé, mergulha-te em tua vida interior, ainda que por apenas cinco minutos.

Não te deixes desiludir pelo mundo que o cerca. Assim o fizeram seres semelhantes a nós. Saibas que és chamado a transformá-lo. Se tens nojo da política, receberas a gratidão dos políticos que a enojam. Se és indiferente, agradecerão os que a ela se apegam. Se reages e atuas, haverão de temer-te, porém a democracia se fará mais participativa.

Arranque de tua mente todos os preconceitos e, de tuas atitudes, todas as discriminações. Sê tolerante, coloca-te no lugar do outro. Todo ser humano é o centro do Universo e morada viva de Deus. Antes, indagues a ti mesmo por que provocas em outrem antipatia, rejeição, desgosto. Reveste-te de alegria e descontração. A vida é breve e, de definitivo, só conhece a morte.

Faça algo para preservar o meio ambiente, despoluir o ar e a água, reduzir o aquecimento global. Não utilizes material não-biodegradável. Trate a natureza como aquilo que ela é de fato: tua mãe. Dela viestes e a ela voltarás; hoje, vives do beijo que lhe dá continuamente na boca: ela te nutre de oxigênio e alimentos.

Guarde um espaço em teu dia-a-dia para conectar-te com o Transcendente. Deixas que Deus acampe em tua subjetividade. Aprendas a fechar os olhos para ver melhor.

Feliz 2009!

Texto: Frei Beto

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Eu desejo, pra mim e pra você!


Queria ser uma fada madrinha, daquelas bem poderosas

Sempre gostei da imagem das fadas, principalmente as animadas, dos filmes infantis, aquelas gordinhas que aparecem dando poderes aos róseos bebês dos reis e rainhas bons, em seus berços de ouro, às vezes três, juntinhas, risonhas, cada uma com um vestidinho de uma cor. Amarelinho, rosinha, azulzinho, com pequenas variações, e sempre sacudindo uma varinha nas mãos, e dando ordens numa língua pirlimpimpim, cheia de brilhos. Sou doida pela Sininho, a fadinha do Peter Pan, eternamente apaixonada, muito louca com seus pózinhos e suas sacanagens de mini-mulher-libélula ciumenta do garoto que não quer crescer. Sininho, sempre em dúvida entre o grande gancho do Capitão e o menino. Cresci com essas imagens, invocando-as sempre que gostaria de poder fazer algo para alguém, imediatamente. Sempre funcionou.

Então, agora, me concentro, mas sozinha, sem varinha, uma pena, se é que me entendem. Mas querendo, de coração, ser atendida. Eu desejo que agora em 2009 você consiga ser feliz, muito feliz. Tenha tudo do que precisa para viver e não morrer e não sofrer. Não tenha que depender de ninguém com quem não poderá contar. Que os segundos, minutos, dias, meses, passem suaves, inclusive em seu corpo, rejuvenescendo-o. Que a água que você beba seja da Fonte da Juventude. Que seus passos sejam firmes, em direção ao futuro, ao progresso e ao Bem. Que sua voz soe suave para quem ama; e temível, muito temida, pelos seus inimigos. Que seus olhos enxerguem muito além do horizonte. Que seus ouvidos sejam sensíveis o bastante para ouvir as tramóias sussurradas às suas costas, e que estas estejam sempre protegidas, blindadas, intransponíveis.

Quero que você não sofra desilusões pessoais, e que não te traiam, nem a confiança. Quero que mantenha o amor que encontrou, ou encontre o amor que tudo fará para manter, sob a luz da Lua, e que esta a todos enamore. E que o Sol nasça para todos, mesmo que se impondo em quadrados de quartos ou prisões. Que sempre haja a sombra da copa de uma árvore para seu abrigo e um canto seguro onde possa guardar seus segredos mais íntimos. E os que lhe confiarem.

Quero ver você dançar a dança da sua música, com alegria em cada passo, em cada ritmo, e sempre música boa, de alma. Quero ver você lamber os beiços saboreando o brigadeiro, o doce-de-leite, o quindim ou o pão de queijo quente, e os dedos lambuzados da forma roubada da massa que ainda vai virar bolo. Nada disso lhe fará mal, ou engordará. Que você dê gargalhadas diante de um milk-shake de chocolate, e com o barulhinho do canudinho puxado no fundo, na raspa da taça.

Que você ande quilômetros, firme, altivo, e que seus sapatos jamais fiquem apertados ou calejem seus pés, nem nos saltos altos, nem nas sandálias, que nem sempre são de humildade. Que nem calcinhas, nem cuecas, nem gravatas, nem soutiens te apertem, saiam do lugar, que essas coisas nunca te incomodem.

Que você vá a muitas festas, e que nelas faça a diferença, sendo notado no que há de melhor, mais belo, não nos erros procurados sempre pelos olhares maldosos. Que a fada te livre desses olhos gordos, maus, invejosos. E que você possa sempre respirar o ar das montanhas, puro, mesmo que daquele ar condicionado com que tem de conviver. Que você descubra um passatempo só seu para o trânsito não irritar, e que você vá e volte, livre, para o conforto e aconchego de seu lar. Que seu travesseiro o acolha, abrace e o aconselhe bem a cada noite. Nas manhãs, que o canto mais belo dos pássaros seja seu despertador. E, claro, que as flores mais lindas e coloridas nasçam nos jardins que tocar.

Eu desejo desde já muita sorte. Na loteria. Na vida. No amor. Nas escolhas. Que a fada do banco baixe os juros do seu cheque especial, reparta sua dívida, e tudo sem você implorar ao gerente. Que seu emprego, suas rendas, seu salário sejam mantidos, preservados, em dia. Que jamais tentem te fazer de relógio, mas que sobrem sempre muitas horas para você dedicar, solidário, ao seu próximo.

Como fada madrinha, gostaria ainda que você habitasse um mundo justo, democrático, onde as leis existam para ser cumpridas, e onde a liberdade de seu pensamento, religião e expressão, por mais diversificada que possa ser, mereça respeito em seu redor, seja ele a favela, a casa, a casinha, o sobrado, a mansão, a cidade, a cidadinha, a metrópole ou megalópole. Que não tentem enganá-lo, roubá-lo, iludi-lo. Que consigamos todos nos livrar do Mal.

De minha parte, já vejo tudo assim, real, acontecendo. E espero que você me retribua sempre apenas com a generosidade de sua leitura, com o carinho de sua lembrança.

Texto: Marli Gonçalves, jornalista, cheia de desejos e vontades. Sem pó de pirlimpimpim. Tem uma caixinha de Pandora, de bondades. Mas também tem arco, flecha, tacape e pintura de guerra para quem mexe com sua tribo. http://www.ucho.info/marli_goncalves.htm

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Cartão de Natal


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Seres de Luz


A luz constitui um dos maiores mistérios do universo. Somente entendendo-a ao mesmo tempo como partícula material e como onda energética podemos ter uma compreensão mais ou menos adequada dela. Hoje sabemos que todos os seres vivos emitem luz, biofotons, a partir das células da DNA. Por isso todos irradiam certa aura.
Não é sem razão que a luz e o sol se tornaram símbolos poderosos de tudo o que é positivo e vital. Especialmente o sol irradiante é visto como o grande arquétipo do herói e do lutador que vence as trevas com os monstros que nelas eventualmente se escondem. Sua aparição a cada manhã não é uma repetição, mas toda vez uma novidade, pois é sempre diferente. É um teatro cósmico que começa da cappo, como se Deus dissesse ao sol a cada manhã:“Vamos, tente mais uma vez! Renove teu nascimento! Irradie tua luz em todas as direções e sobre todos”.
Na maioria dos povos havia o temor de que o sol talvez pudesse ser tragado pelas trevas e não voltasse mais a nascer e a iluminar a Terra e a cada um de nós. Criaram-se rituais e festas que celebravam a vitória do Sol sobre as trevas. Assim, havia a festa romana do Sol Invictus, do “Sol Invencível”. Posteriormente, deu origem ao Natal cristão, a festa do nascimento do Deus encarnado , chamado de “o Sol da Justiça”. As festas juninas com suas fogueiras têm por detrás a experiência do sol, pois se inaugura o solstício de inverno.
Fazia-se e faz-se ainda hoje a impressionante experiência de que o Sol com seus raios de luz, nasce como uma criança. Na medida em que sobe no firmamento, vai crescendo como um adolescente até chegar à idade adulta ao meio-dia. Pela tarde vai definhando até ficar velho e morrer atrás da linha do horizonte. Mas, passada a noite, ele volta a nascer, limpo, brilhante, sorridente como uma criança. Como não celebrá-lo festivamente? Como não entendê-lo como sinal da Realidade originadora de todas as coisas?
De fato, ele é uma imagem poderosa de Deus como o cantou São Francisco em seu “Cântico ao Irmão Sol”. Nenhuma metáfora da divindade é mais poderosa que a da luz e a do Sol. A própria experiência da luz fez surgir a palavra Deus. Ela deriva de di em sânscrito que signfica brilhar e iluminar. De di veio “dia” e “Deus”, como expressão de uma experiência de luz e de iluminação. Como diz São João: ”Deus é luz” (1Jo 1,5). “Ele habita”, no dizer de São Paulo “numa luz inacessível”(1Tim 6,16). Jesus se auto-apresenta como luz: “Eu, a luz, vim ao mundo para que todo aquele que crê não ande nas trevas”(Jo 12,46) O Verbo encarnado é “vida e luz dos homens”, “luz verdadeira que ilumina todo o ser humano que vem a este mundo”(Jo 1.4.9). Por isso é com razão apresentado como “a luz do mundo”(Jo 9,5). Os que aderem a Cristo como luz devem viver “como filhos da luz”(Ef 5,8). E “os frutos da luz é tudo o que é bom, justo e verdadeiro”(Ef 5,9). Mais ainda. Cada seguidor deve ser também “luz do mundo”(Mt 5,14).
Como reza tão bem a liturgia dos funerais:”Que as almas do fiéis defuntos não tombem nas trevas, mas que o arcanjo São Miguel, as introduza na luz santa. Faça brilhar sobre eles a luz perpétua”.
Nós todos somos seres de luz. Fomos formados originalmente no coração das grandes estrelas vermelhas, há bilhões de anos. Carregamos luz dentro de nós, no corpo, no coração e na mente. Especialmente a luz da mente nos permite compreender os processos da natureza e penetrar no íntimo das pessoas até no mistério luminoso de Deus.
Texto de Leonardo Boff


QUE O PAI NOS ILUMINE,
AUMENTANDO NOSSO BRILHO,
IRRADIANDO-O PARA TODA A HUMANIDADE.

SÃO NOSSOS VOTOS PARA ESTE NATAL E 2009!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Meditação no Presépio"


Quando São Francisco de Assis inventou o primeiro presépio, e falou das coisas do céu numa gruta, dizem que, ao ajoelhar-se, desceu-lhe aos braços estendidos um Menino todo de luz. O Santo Poeta colocara ali apenas umas poucas imagens: as da Sagrada Família, a do irmão jumento e a do irmão boi. O áspero cenário de pedra tinha a nudez franca da pobreza, a rispidez dos desertos do mundo, o recorte bravio dos lugares de sofrimento. Aí, o Menino de luz pode descer, porque ele vinha para ensinar caminhos difíceis, e restituir às coisas naturais da terra o sentido da sua presença na ordem universal.

O amor humano é um perigoso jogo. Por amor, os homens foram construindo presépios ao longo do mundo, e já não lhes bastava a pedra desguarnecida: queriam recobri-la do ornamento da sua devoção. Trouxeram folhagens e flores, dispuseram frutos e pássaros, desceram o céu, num pálio de seda azul, colheram as estrelas, dos ramos que se alongam na noite. Caçaram a lua, no meio da sua viagem, e pescaram o sol, redondo peixe de nadadeiras flamejantes.

Não lhes bastaram, porém, ainda, esse convite e essa conquista, no reino dos adornos da natureza. Convocaram os habitantes do mundo para uma adoração geral. Trouxeram os pastores, que deviam ser os vizinhos mais próximos da feliz manjedoura; trouxeram os lavradores e os artífices, de acordo com as imaginárias relações da família do recém-nascido.

Mas era preciso não esquecer os Profetas, anunciadores do acontecimento, e das ruas da Bíblia os fizeram descer com suas barbas, seus cajados, suas visões e ainda cheios de voz.

Os Reis vieram por si, de olhos postos na Estrela; e como os Reis traziam os camelos; e os pastores, carneiros, também os Profetas arrastaram leões, e cabras sem defeito — e depois, em muita confusão, toda besta que remói, umas de unha fendida, outras não; e até os animais que caminham sobre o peito e os que têm muitos pés e ainda assim se arrastam pelo chão.

E, puxados uns pelos outros, vieram o cavalo e a mula, o cão e o elefante, o macaco, a hiena, o chacal e o leopardo, e o imundo crocodilo, com a cordilheira dos seus dentes, e a lagosta abominável, sem escama nem barbatana.

Foi talvez a lagosta que açulou os apetites, e os nobres italianos, com aquela pompa que o Renascimento lhes incutiu, trouxeram para os presépios a escamosa alcachofra e o labiado repolho, e cachos de uvas e salsichas, e o queijo e a rosca e o vinho — tudo que o amor ama e, por amor, quer repartir.

E os Profetas trouxeram as Sibilas, e as Sibilas as Cassandras e as Medéias e as Circes, e quem sabe até onde o humano mar se iria aproximando de onda em onda, nessa aglomeração sucessiva para adorar o Menino e ornamentar o Presépio. Homero traria seus argonautas; o rei Artur, seus paladinos; Marco Polo, seus mercadores, Gengis-Khan seus guerreiros — e o negro, o chim, o índio emplumado e o friorento esquimó se acomodariam todos sem dificuldade no recinto mágico presidido por um pobre Menino celestial.

E tão bem se sentiriam que, sem desejo de regresso, iriam buscar suas casas e suas montanhas, seus rios e seus moinhos, seus arados e seus fornos, suas embarcações e suas tendas, e ali se poriam a trabalhar, ao som de doces cânticos ali mesmo inventados, e ali bailariam, com gaitas e sanfonas, adufes e harpas, ocarinas e violas e tudo quanto, com metal, corda ou sopro, é capaz de produzir um som de feitura harmoniosa, comparável ao gorjeio das aves, ao suspiro das águas, ao adejar do vento e à voz humana quando quer ser mais que linguagem.

E o sol e a lua e as estrelas ainda pareceram apagados, para tão ambiciosa festa, e as mulheres e as moças puseram-se a dançar com círios acesos nas mãos, e tudo foi recamado de ouro em pó, e cada qual começou a escolher trajos mais cintilantes, de cetins mais lustrosos, com lavores mais ricos, e do mar e da terra se desentranharam todas as coisas que brilham e deslumbram, e não houve príncipe nem sacerdote nem mercador nem escravo que não gastasse os olhos e as pontas dos dedos, cosendo em seus estofos as gemas que os tornassem mais resplandecentes.

E nesse esplendor de fitas e rendas, de colares e anéis, com os animais de chifres dourados, de testa empenachada, de manto lavrado e guarnições de fina cinzelura, até se recordou que o Menino não podia estar ali despido como simples deus humanado — e teceram-lhe camisinhas e envolveram-no em brancas sedas, e para a tímida Virgem e o submisso carpinteiro trouxeram finas roupagens esmaltadas de cintos e fivelas, com barras de arabescos e densas pregas faustosas.

E as belas canções subiam como, nas hastes gladioladas, abrem os lírios verticalmente, de salto em salto.

E houve assim uma existência de amor, e alguém pensaria estar o mundo apaziguado, e a família terrena compreendida e satisfeita, trabalhando e cantando, bailando e dormindo tendo em redor de si a parede rústica do Presépio.

Mas, na verdade, a parede do Presépio deixara de existir. O que havia eram muitas paredes, de palácios e de mosteiros, de chácaras e de cozinhas de quartéis e de fábricas, de lojas e de manicômios.

Porque essa humanidade se arruinou e adoeceu; esqueceu-se que a oferenda não lhe pertencia, e estendeu a mão para a alcachofra e para a lagosta, para o cavalo do guerreiro e a coroa do suserano, e o que tocava cítara quis brandir espada, e o que varria o estábulo apoderou-se da cítara.

De modo que se chegou a ver o legionário romano, de agulha e dedal, bordando flores sobre cetim, e as dríades empunhando lanças, e os javalis sentados em cadeiras de ouro, abanados por leques de plumas.

Ninguém mais podia amar a sua oferta, mas a do seu vizinho; e já não amava com amor de dar, mas com amor de possuir. E não houve mais quem se despojasse, mas só quem apreendesse.

Notou-se que o sol e a lua e as estrelas não tinham mais sua substância própria: eram de ouro e de gemas, eram pintados e incrustados; não se moviam nem aqueciam mais.

Notou-se que os cantores tinham ficado melancólicos e a dança não se levantava em asas tênues: arrastava caudas fúnebres, patas desconfiadas, pontas de espadas surdas.

E aquilo que foi um Presépio era um mundo de contradições, sem equilíbrio nem sentido. Os Profetas eram alucinados — e as Sibilas, dementes; os Reis, uns conquistadores mesquinhos; os guerreiros, uns assassinos convictos.

Nuvens de seda e pó de danças toldaram a íntima, pequena cena de um nascimento sobrenatural. Tudo tinha ficado mais importante que o Menino chegado para ensinar o amor. Tudo tinha formado sucessivos planos, anteriores uns aos outros, sobrepostos uns aos outros, escondendo-se uns aos outros, num amontoado de riqueza, ambição, prepotência, vaidade, cobiça, rapina, mentira, traição e ódio.

E tudo isso foi desabando por si mesmo, porque estava armado sem fundamento; e viram-se os Profetas fugitivos, arrastando os animais santificados e os imundos; e as Sibilas recolhiam seus oráculos perdidos, e as Medéias e as Circes enrolaram seus velhos feitiços; e os que tinham vindo por engano choraram pelas palavras que tinham entendido; e os que tinham vindo por verdadeiro amor deixaram pender a cabeça, e foram empurrados na onda devastadora, porque o amor é distraído e desatento de si, sem agressão nem defesa, e fica sempre esmagado, no torvelinho dos atropelos.

Mas quando tudo ruir completamente, — porque sempre chegam novos forasteiros ao Presépio, e cada um se diz o único verídico, o mais sincero e o mais poderoso, o mais rico e o mais fiel — quando tudo ruir completamente, o Menino continuará na sua gruta, com a sua família humilde, o irmão boi e o irmão jumento, para recomeçarem a vida, na simplicidade humana das coisas naturais e universais.

E se outro São Francisco se ajoelhar na gruta rústica, o Menino virá todo em luz aos seus braços, porque só o Santo Poeta entendia dessa irmandade geral do céu e da terra, e da graça de todos os despojamentos, e da alegria de não precisar ter, pela contemplação de todos os enganos, e da leveza da vida em expressão absoluta.

Texto: de Cecília Meireles, publicado na revista "Rio", em 1946, extraído do livro “Cecília Meireles - Obra em Prosa - Vol. 1”, Ed. Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 192.

Imagem: "Presépio de Bayonne", pintura italiana do século XV.

Nota:A realidade do presépio faz penetrar em nós ensinamentos que constituem a doutrina de Jesus: pobreza, simplicidade, hulmildade, fé, docilidade, uma cadeia de ensinamentos para a vida cristã. São Francisco de Assis montou, no Natal de 1223, o primeiro presépio, numa gruta de um bosque italiano, com gente viva e não bonecos para reviver o ambiente do nascimento de Jesus, entre camponeses, servos analfabetos e pastores malcheirosos, conforme a descrição da cena do nascimento de Jesus, nos evangelhos. O presépio nos faz participantes do parto divino. No Brasil, o costume foi introduzido por um frade fraciscano, Frei Gaspar, nos primórdios do descobrimento do país, e logo se incorporou à religiosidade popular.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Desejo de Natal


Desejo que neste Natal,
antes de você perceber Jesus nas luzinhas que piscam pela cidade,
você O encontre primeiramente em seu coração.
E, à frente de qualquer palavra que expresse seu desejo de um feliz Natal,
O encontre em suas ações.

Que você O encontre não só na alegria que sente ao sair das lojas
com presentes para as pessoas que você ama,
mas também na feição triste da criança abandonada nas ruas,
na qual muitas vezes você esbarra apressadamente.
Que você encontre Jesus no momento em que pegar nas mãozinhas
delicadas de seu filho,
lembrando-se das mãozinhas pedintes,
quase sempre sujas de calçada,
que só sabem o que significa rudeza.
Que você O encontre no abraço de um amigo,
lembrando-se dos tantos que só têm a solidão como companheira.
Que você O encontre na feição do idoso da sua família,
lembrando-se daqueles que tanto deram de si a alguém,
e hoje são esquecidos até pela sociedade.
Que você O encontre na lembrança suave e sempre viva
daquela pessoa querida que já não está mais fisicamente ao seu lado,
lembrando-se daqueles que já nem se recordam mais quem foram,
enfraquecidos pelo vazio de suas vidas.
Que você encontre Jesus na bênção de sua mesa farta
e no aconchego de sua família,
lembrando-se daqueles que mal alimentam-se do pão e sequer um lar têm.
Que você O encontre não apenas no presente que troca,
mas principalmente na vida que Ele lhe deu como presente.
Que você lembre-se, então, de agradecer por ser uma pessoa privilegiada
em meio a um mundo tão contraditório!
Que você também encontre Jesus à meia- noite do dia 31
e sinta o mistério grandioso da vida,
que renasce junto com cada ano.
Então festeje...festeje o ano que acabou não apenas como dias que se passaram,
e sim como mais um trecho percorrido na estrada da sua vida!
Festeje a alegria que lhe extasiou e a dor que lhe fez crescer!
Festeje pelo bem que foi capaz de fazer
e pelo mal que foi capaz de superar!
Festeje o prazer de cada conquista
e o aprendizado de cada derrota!
Festeje por estar aqui!
Festeje a esperança no ano que se inicia, no amanhã!
Festeje a vida!
Abra os braços do coração para receber
os sonhos e expectativas do ano novo.
Rodopie...jogue fora o medo, sinta a vida!...
Sonhe, busque, espere... ame e reame!
Deixe sua alma voar alto...pegar carona com os fogos coloridos.
Mentalize seus desejos mais íntimos e acredite:
eles também chegarão ao céu.
Irão se misturar às estrelas, irão penetrar no Universo
e voltarão cheios de energia para tornarem-se reais.
Basta você querer de verdade, ter fé e nunca, NUNCA desistir deles!
E que seu ano seja, então, plenificado de bênçãos e realizações.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo!!!


Texto de Fernanda C. Scialla

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Licor de Chocolate




Meus amigos, eu amo esta receita, mais que isso, sou viciada. Eu já era apaixonada por licor de chocolate então meu amigo Fenando Maselli me enviou esta receita facilitando a minha vida rsrsrs... Espero que gostem!!!




Licor de Chocolate

Primeiro passo:
Misturar muito bem 1 lata de leite condensado com 2 colheres de chocolate em pó

Segundo passo:
Levar ao fogo até dissolver 1 lata de água, 1 lata de açúcar e 1 tablete de chocolate amargo. Deixar esfriar

Terceiro passo;
Misturar no liquidificador o primeiro passo, o segundo passo e uma lata de pinga.

Servir gelado

Beba com moderação
Se for dirigir não beba

Feg Shui 2008-2009

Verde é a cor tendência de 2009.

Em novembro, devemos começar a preparar a casa para o novo ano que se aproxima. E o preparo começa com a REMOÇÃO do que se tornou INÚTIL, está IMPERFEITO e provoca LEMBRANÇAS RUINS... Assim, deve-se selecionar o que desejamos manter na nossa casa: roupas, calçados, CDs, livros, bijuterias, bonés, objetos diversos, fotos, etc.

É preciso mudar a "cara" da casa. Vários aspectos podem ser examinados:
trocar quadros de lugar; renovar as fotos dos porta-retratos; modificar a arrumação
dos móveis, por exemplo, trocar uma poltrona de lugar; pintar paredes que necessitem disso ou escolher uma parede para ganhar uma nova cor; e uma ação muito importante: renovar as plantas do interior da casa. Levar as atuais para
a varanda ou o jardim, e decorar a sala com novas plantas.
Se possível, pôr uma orquídea em algum ponto da sala. A orquídea é a flor mais positiva que existe.

Utilizar elementos decorativos próprios das Festas. E fruteiras com maçãs, laranjas, tangerinas, uvas, caquis; e pratos com frutas secas, como damasco, tâmaras, uvas-passas, etc. Tudo isso é símbolo de Prosperidade.

No Natal, cuidar para que a noite seja de paz, alegre, com a família e amigos reunidos para celebrar o nascimento de Cristo. Porque este é o motivo dos festejos e, não, a distribuição de presentes...

No Réveillon, muita alegria, mesa farta, casa totalmente ILUMINADA, portas e janelas ABERTAS, para que 2008 se despeça com festejos; e 2009 tenha as boas-vindas como a Esperança pede.

Mas, além dessas dicas para a casa, é FUNDAMENTAL que todos se preparem emocionalmente! Terminar o ano torcendo para 2009 chegar logo porque "2008 foi uma droga", porque "não consegui o que queria", porque "aconteceu isso ou aquilo" é terminar o ano de modo triste, negativo. E ninguém merece se sentir assim... Então, recomendo que todos façam um exercício positivo, para terminar 2008 com alegria, agradecendo as pequenas vitórias, as conquistas, os encontros e reencontros. O fato de estar vivo e com saúde é o suficiente para se festejar, não é mesmo? E, quem sabe das coisas, vai agradecer até as crises, porque, com elas, cresceram, se transformaram...

Como curiosidade, no dia primeiro de janeiro, não se pede nada emprestado nem se empresta. E não se toca em tesouras... Tudo para preservar a Prosperidade e evitar dificuldades durante o ano!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

As Origens Pagãs e a Realidade Atual da maior festa do Cristianismo

O verdadeiro Natal ocorre, sobretudo, no templo sagrado do coração humano
Helena Petrovna Blavatsky
"Estamos atingindo aquela época do ano em que todo o mundo cristão se prepara para celebrar a mais notável das suas solenidades – o nascimento do Fundador da sua religião. Quando este texto chegar aos nossos assinantes ocidentais haverá festividades e alegria em todas as casas. No Noroeste da Europa e na América do Norte haverá azevinho e heras decorando cada casa, e as igrejas estarão enfeitadas com sempre-vivas; um costume que vem das práticas antigas dos Druídas, “para que os espíritos silvestres possam congregar-se nas sempre-vivas, e permanecer ao abrigo da geada até que haja menos frio”. Nos países católicos, grandes multidões convergem para as igrejas durante a noite da “véspera de Natal”, para saudar imagens de cera da divina Criança, e de sua mãe Virgem, em sua vestimenta de “Mãe Celestial”.
Para uma mente analítica, esta exuberância de rico ouro e de rendas, de cetim e veludo enfeitados com pérolas, e o berço coberto de jóias, parecem de facto paradoxais. Quando pensamos na manjedoura pobre, velha e suja da estalagem judaica na qual, se devemos acreditar no Evangelho, o futuro “salvador” foi colocado ao nascer por falta de um abrigo melhor, não podemos deixar de suspeitar que, diante do olhar deslumbrado do devoto ingénuo, o estábulo de Belém desaparece completamente. Para dizê-lo de modo mais suave, esta pomposa exibição não combina muito bem com os sentimentos democráticos e com o desprezo verdadeiramente divino por riquezas materiais, que o “Filho do Homem” sentia – ele que não tinha “onde descansar sua cabeça”.
Isso só torna mais difícil para o cristão comum compreender a afirmação explícita de que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um homem rico entrar no reino dos céus” –; a menos que a frase seja vista como uma ameaça puramente retórica e sem valor real. A Igreja romana agiu com inteligência ao proibir severamente os membros das suas paróquias de ler ou interpretar os Evangelhos por si mesmos, e ao deixar, enquanto isso foi possível, que o Livro proclamasse as suas verdades em Latim – “a voz que prega no deserto”. Nisso, a igreja apenas seguiu a sabedoria das idades – a sabedoria dos antigos arianos, que também é “justificada pelos seus filhos”; porque, assim como o devoto moderno do hinduísmo não entende uma palavra de sânscrito, nem o parsi uma sílaba do Zend, assim também para o católico comum não há diferença alguma entre um texto em Latim e os símbolos hieroglíficos do Egipto antigo. O resultado é que todos os três – o Alto Sacerdote Hindu, o Mobed zoroastrista e o Pontífice Católico Romano, obtêm oportunidades ilimitadas para produzir novas doutrinas religiosas a partir das suas próprias fantasias, para benefício das suas respectivas igrejas.
Para dar as boas-vindas a este grande dia, os sinos são tocados em sinal de felicidade à meia-noite por toda Inglaterra e pelo continente. Na França e na Itália, depois da celebração da missa em igrejas magnificamente decoradas, “é costume que os participantes tenham acesso a uma recepção (reveillon), para que possam enfrentar melhor o cansaço da noite”, afirma um livro sobre os cerimoniais da igreja papal. Esta noite de jejum cristão nos lembra do Sivaratree dos seguidores do deus Shiva – o grande dia de tristeza e jejum, no décimo-primeiro mês do ano hindu. A diferença é que entre os seguidores de Shiva a longa vigília nocturna é precedida e seguida de um jejum estrito e rígido. Não há reveillons ou soluções de meio-termo entre eles. É verdade que eles não passam de “pagãos” iníquos, e portanto o seu caminho até a salvação deve ser dez vezes mais difícil.
Embora seja agora universalmente celebrado pelas nações cristãs como o aniversário de nascimento de Jesus, o dia 25 de Dezembro não era aceito como tal, inicialmente. O Natal, a mais móvel das datas de celebrações cristãs, era frequentemente confundido com a Epifania e celebrado nos meses de Abril e Maio. Como nunca houve qualquer registro ou prova autêntica de sua identificação, seja em história secular ou eclesiástica, a selecção daquele dia permaneceu sendo opcional por longo tempo, e foi só no século IV que, estimulado por Cyril de Jerusalém, o papa (Julio I) ordenou aos bispos que fizessem uma investigação e chegassem finalmente a algum acordo quanto à data presumível do nascimento de Cristo. A escolha deles recaiu sobre 25 de Dezembro –, e desde então tem sido comprovado que a escolha foi muito infeliz! Foi Dupuis, seguido por Volney, que desferiu os primeiros tiros contra esta data. Eles comprovaram, com dados astronómicos muito claros, que durante períodos incalculáveis antes da era cristã quase todos os povos antigos tinham celebrado o nascimento dos seus Deuses do Sol exactamente nesta data. “Dupuis mostra que o signo celeste da VIRGEM E A CRIANÇA já existia vários milhares de anos antes de Cristo” – escreve Higgins em sua obra Anacalypsis. Já que Dupuis, Volney e Higgins foram considerados pela posteridade como infiéis e inimigos da Cristandade, parece ser correto citar, nesta questão, as confissões do bispo cristão de Ratisbone, “o homem mais sábio que a idade média produziu”, o dominicano Albertus Magnus. “O signo da Virgem celestial se eleva acima do horizonte no momento que nós fixamos como o do nascimento do Senhor Jesus Cristo”, diz ele, em “Recherches historiques sur Falaise, par Langevin prêtre”. Assim, Adónis, Baco, Osíris, Apolo, etc., todos nasceram em 25 de Dezembro. O Natal ocorre exactamente no momento do solstício de Inverno; os dias são então mais curtos, e a Escuridão está mais presente que nunca na face da terra. Todos os deuses solares nascem anualmente naquela época; porque a partir daquele momento a sua Luz afasta cada vez mais a escuridão, a cada novo dia, e o poder do Sol começa a aumentar.
Seja como for, as festividades de Natal que foram celebradas pelos cristãos durante quase 15 séculos tiveram um carácter particularmente pagão. E isso não é tudo: mesmo as actuais cerimónias da igreja dificilmente podem escapar da crítica de que foram copiadas quase literalmente dos mistérios do Egipto e da Grécia, celebrados em homenagem a Osíris e Horus, Apolo e Baco. Tanto Ísis como Ceres eram chamadas de “Virgens Sagradas”, e um BEBÊ DIVINO pode ser encontrado em cada religião “pagã”. Vamos agora traçar dois retratos do Feliz Natal. Um descreve os “bons e velhos tempos”. O outro descreve o estado actual da adoração cristã.
Desde os primeiros dias do seu estabelecimento como Natal, o dia foi visto ao mesmo tempo como uma comemoração sagrada e e uma festividade da maior alegria: ela era dedicada igualmente à devoção e à diversão desregrada. “Entre as festanças da temporada de Natal estavam as chamadas festas de tolos e asnos, as saturnálias grotescas que eram chamadas de ‘liberdades de Dezembro’, nas quais tudo o que fosse sério era parodiado, a ordem da sociedade era revertida, e o seu sentido de decência ridicularizado” – diz um compilador de crónicas antigas. “Durante a idade média, isso era celebrado através do espectáculo alegre e fantástico dos mistérios dramáticos, realizado por personagens em máscaras grotescas e roupas extravagantes. O [espectáculo] normalmente representava uma criança em um berço, rodeada pela Virgem Maria e por São José, por cabeças de touros, querubins, por Magos do Oriente (os Mobed de antigamente), e múltiplos ornamentos.” O costume de entoar cânticos durante o Natal, chamados de Hinos de Natal, visava relembrar as canções dos pastores na Natividade. “Os bispos e o clero frequentemente se juntavam à população em tais cânticos, e as canções eram acompanhadas por danças e pela música de tambores, guitarras, violinos e órgãos....” Podemos acrescentar que até os tempos actuais, durante os dias que antecedem o Natal, tais mistérios estão sendo encenados, com bonecos e marionetes, no sul da Rússia, na Polónia e na Galiza; e são conhecidos como Kalidowki. Na Itália, menestréis da Calábria descem das suas montanhas até Nápoles e Roma, e lotam as capelas da Virgem-Mãe, homenageando-a com sua música animada.
Na Inglaterra, os festejos costumavam começar na véspera de Natal e iam frequentemente até a Candelária (2 de Fevereiro) , sendo que todos os dias eram dias santos até a décima-segunda noite (6 de Janeiro). Nas casas de grandes nobres era nomeado um “senhor do desregramento” ou “abade da não-razão”, cujo dever era cumprir o papel de palhaço. “A despensa ficava cheia de frangos, galinhas, perus, gansos, patos, carne bovina, carne de carneiro, carne de porco, tortas, pudins, nozes, ameixas, açúcar e mel.” (. . . .) “Um fogo brilhante, feito de pedaços grandes de lenha, o principal dos quais era chamado de ‘lenha de Natal’ e era capaz de queimar até a véspera da Candelária, era mantido em ambiente seguro; e a abundância era compartilhada pelos arrendatários do senhor, em meio a música, encantamentos, quebra-cabeças, hotcockels [6], brincadeira do tolo, flores cabeça-de-dragão, piadas, risos, desafios com perguntas e respostas, prendas penhoradas nos jogos, e danças.”
Em nossos tempos modernos, os bispos e o clero já não se somam à população que canta e dança, e as “festas de tolos e asnos” são ensaiadas mais na sagrada privacidade do que diante de perigosos observadores de olhos atentos. No entanto as festas de comida e bebida são preservadas em todo o mundo cristão; e sem dúvida ocorrem mais mortes súbitas provocadas por gula e intemperança durante os feriados de Natal e a Páscoa do que em qualquer outra época do ano. A cada ano que passa, a adoração cristã se limita, cada vez mais, a uma falsa ostentação. A ausência de coração em tais fingimentos tem sido denunciada inúmeras vezes, mas pensamos que isso nunca foi feito com um toque de realismo mais emocionante do que em uma encantadora história-de-sonhos publicada no “New York Herald” perto do último Natal. Um homem idoso, que presidia uma reunião pública, disse que aproveitaria a oportunidade para relatar uma visão que ele havia tido na noite anterior. “Ele pensou que estava de pé no púlpito da mais bela e magnífica catedral que ele jamais havia visto. Diante dele estava o sacerdote ou pastor da igreja, e a seu lado estava um anjo com uma tabuleta e um lápis na mão, cuja missão era registrar cada acção devocional ou oração que ocorresse em sua presença e se elevasse como uma oferenda aceitável até o trono de Deus. Cada banco da igreja estava cheio de devotos de ambos os sexos. A mais sublime música que ele jamais ouvira encheu o ar com sua melodia. Todos os belos serviços ritualísticos da igreja, inclusive um sermão insuperavelmente eloquente de um hábil sacerdote tinham já ocorrido, e no entanto o anjo registrador não fez anotação alguma em sua tabuleta! Ao final, a congregação foi dispensada pelo pastor com uma longa oração de belas frases, seguida por uma bendição, e no entanto o anjo não fez um só gesto!”
“Observado ainda pelo anjo, o orador saiu pela porta da igreja que ficava atrás da congregação ricamente vestida. Uma pobre mulher esfarrapada permanecia na sarjeta da calçada, estendendo sua mão pálida e desnutrida e silenciosamente pedindo esmolas. Enquanto passavam por ali os devotos ricamente vestidos, eles se desviavam da pobre Madalena. As damas mantinham à distância as suas sedas, os seus mantos enfeitados de jóias, para que não pudessem ser contaminados pelo toque da mão dela.”
“Neste momento um marinheiro bêbado aproximou-se oscilando pelo outro lado da calçada. Quando ele chegou à altura da pobre menina abandonada, ele cambaleou atravessando a rua até onde ela estava e, tirando do bolso algumas moedas de pequeno valor, colocou-as na mão dela, enquanto dizia:
‘Aqui, pobre miserável abandonada, pegue isto!’
Uma radiância celeste agora iluminou a face do anjo registrador, que imediatamente anotou o ato de simpatia e compaixão do marinheiro em sua tabuleta, e afastou-se considerando-o um sincero sacrifício a Deus.”
Alguém dirá que esta é uma materialização da história bíblica do julgamento de uma mulher culpada de adultério. Pode ser que sim; no entanto, a história descreve magistralmente a situação actual da nossa sociedade cristã.
De acordo com a tradição, na véspera do Natal, os bois podem ser sempre encontrados repousando sobre seus joelhos, como se estivessem em oração e devoção, e “havia um famoso espinheiro no pátio do mosteiro de Glastonbury, que sempre dava botões de flor no dia 24 e florescia no dia 25 de Dezembro; fato que, considerando que o dia fora escolhido ao azar pelos Padres da igreja, e que o calendário foi alterado do sistema antigo para o novo, mostra uma perspicácia notável, tanto por parte dos bois como por parte do vegetal! Há também uma crença tradicional, preservada até nós por Olaus, o arcebispo de Upsala, de que, no festival do Natal, “os homens que vivem nas regiões frias do Norte são súbita e estranhamente metamorfoseados em lobos; e que uma gigantesca multidão deles se encontra em um lugar escolhido e expressa tamanha raiva da humanidade que esta sofre mais com os seus ataques do que jamais poderia sofrer com ataques dos lobos naturais.”
Metaforicamente falando, este parece ser o caso com os homens, e mais do que nunca agora, e especialmente nas nações cristãs. Não há necessidade de esperar pela véspera de Natal para ver nações inteiras transformadas em “feras selvagens” – especialmente em tempos de guerra."
(Theosophist, Dezembro 1879)

Texto publicado em www.filosofiaesoterica.com, foi escrito para a edição de dezembro de 1879 da revista indiana “The Theosophist”.
Helena Blavatsky foi um dos principais ícones da ciência e ocultismo do século XIX. Seus Mestres a chamavam de Upasika. Na Rússia era conhecida pelo seu pseudônimo literário, Radha Bai, e considerada a reencarnação de Paracelso.
Blavatsky é a responsável pela introdução do conhecimento oriental do Ocidente, incluindo os conceitos de Karma e Reencarnação; além de expor ao mundo a idéia de que todas as religiões partem de uma única base primitiva.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Nossos Desejos neste Dezembro para Você!


"Apaixone-se
Sempre que um novo dia amanhece e os nossos sentidos buscam captar as belezas que nos cercam, temos vontade de abrir as janelas da alma e inspirar com força a brisa fresca que brinca com a folhagem verde.
Sempre que um novo ano se apresenta fazemos planos para novas realizações.
No entanto, muitos não abriram os olhos físicos para saudar o ano que se inicia ou termina, nem para contemplar o alvorecer do dia de hoje ou despedir-se do sol, quando o crepúsculo enfeita a noite com seu manto negro bordado de estrelas...
Mas você está vivo!
E quando muitos não percebem sequer os canteiros floridos onde as borboletas bailam e o gramado se espreguiça, estendido como um tapete verde e macio, convidando a brincar...
E enquanto outros saem apressados para suas atividades do dia, sem se dar conta de que hoje é o nosso melhor momento, um poeta se deteve para escrever este belo conselho em forma de poema:
Apaixone-se pelo mistério que nos cerca, pelo ar que você respira, pelas árvores e pelas estrelas.
Olhe com atenção para as flores. A visão é antes uma ação do cérebro que dos olhos.
Ouça o vento nas folhas, o canto dos pássaros e o tagarelar das crianças.
O ouvir é uma arte que depende mais da mente que do ouvido. Olhos e ouvidos são canais fantásticos que levam mensagens até você; eles serão inúteis se, em sua alma, não habitar a vontade de ver e de ouvir.
Apaixone-se por sua capacidade de se auto-transformar para melhor. Você é um pouco Deus na exata medida em que pode, por sua própria vontade e determinação, construir uma pessoa melhor.
O caminho da perfeição é infinito, mas cada passo nesta estrada é fonte cristalina de pura felicidade.
Ninguém é tão miserável que não possa dar um primeiro passo na direção certa, assim como ninguém é tão perfeito que já não precise caminhar.
Apaixone-se pelo saber, devore livros, raciocine, converse com pessoas inteligentes, ouça boas músicas, olhe com atenção para as obras de arte.
Os artistas, os filósofos, os poetas, os cientistas vêem, ouvem e sentem mais que a maioria dos homens, e é mister aprender com eles.
Pergunte, discuta, descubra, polemize, investigue, faça experiências.
Dê o melhor de seu esforço em tudo o que faz. Ajude seu próximo e sua comunidade e descobrirá o verdadeiro significado das palavras “é dando que se recebe”.
Receberá em moeda divina, receberá em dignidade, sensibilidade, grandeza de espírito e amor-próprio.
Trabalhe com o cérebro e com as mãos. Transforme o mundo em um lugar melhor para se viver.
Não polua, proteja a natureza, conserte sua calçada, plante flores em sua casa e em sua rua.
Lembre-se sempre de que cada atitude sua, cada movimento seu, será sempre na direção do bem ou do mal. Seu, de seus semelhantes ou de seu mundo.
Apaixone-se pelo progresso, por sua capacidade de se transformar e de transformar o mundo.
Apaixone-se por uma pessoa que ainda vai nascer.
Uma pessoa capaz de fazer perguntas, como Aristóteles ou Platão, capaz de ouvir, como Vivaldi ou Verdi, capaz de ver a natureza, como Van Gogh ou Renoir e tantos outros, capaz de usar as mãos com a habilidade de um Rodin ou de um Michelangelo.
Apaixone-se pela tarefa de ser parteiro de si mesmo, pela missão de dar-se à luz por vontade própria.
Apaixone-se por você amanhã.
Mas faça isso, enquanto é hoje..."

Desconheço a autoria do texto

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pavê de Chocolate e Suspiro


Chegou Dezembro! Apesar de toda tragédia que tanto nos entristece e nos faz chorar é época de muita alegria, agitação, compras e também mesa farta. Para adoçar um pouco a vida vou postar uma receitinha básica que eu já fiz e deu certo. É um pavê facílimo de fazer e muito gostoso. Tudo bem que deve ter umas 15000 calorias, mas afinal de contas nós nos comportamos bem o ano inteiro comendo alface e cenoura, agora chegou a hora da diversão.

Pavê de chocolate e suspiros

Ingredientes
2 xicaras de chá de achocolatado em pó
1 lata de creme de leite com soro
1 colher de sobremesa de aroma de baunilha
200 gr de suspiros
2 caixas de Chanti-neve

Modo de preparo

Misture o achocolatado em pó, o creme de leite e o aroma de baunilha e misture bem até obter um creme homogêneo. Reserve. Em um pirex de vidro coloque os suspiros inteiros e cubra com o creme preparado anteriormente. Bata o Chanti-neve conforme as instruções da embalagem e espalhe sobre o pavê. Eu coloquei raspas de chocolate em cima, ficou ótimo. Leve ao freezer e deixe gelar por 3 horas. Retire do freezer 30 minutos antes de servir.
Coma com moderação...rsrsrs...