segunda-feira, 17 de março de 2008

Quaresma, Jejum e Páscoa

A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade. A palavra "páscoa" - do hebreu "peschad", em grego "paskha" e latim "pache" - significa "passagem", uma transição anunciada pelo equinócio de primavera.
Para entender o significado da Páscoa cristã, é necessário voltar à Idade Média e lembrar que os antigos povos pagãos europeus, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Easter, em inglês, derivada de Eostre, deusa anglo-saxã do amanhecer. Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na mitologia romana, é Ceres. Os antigos povos pagãos comemoravam a chegada da primavera decorando ovos. O próprio costume de decorá-los para dar de presente na Páscoa surgiu na Inglaterra, no século X, durante o reinado de Eduardo I (900-924), o qual tinha o hábito de banhar ovos em ouro e ofertá-los para os seus amigos e aliados.
Em hebraico, temos a "Pessach", a chamada "Páscoa Judaica", que se originou quando os hebreus, há cerca de 3 mil anos, celebraram o êxodo e libertação do seu povo, após 400 anos de cativeiro no Egito, pela mão de Moisés. Comemoravam assim a passagem da escravidão para a libertação: saíram do solo egípcio, ficaram 40 anos no deserto até chegar à região da Palestina, terra prometida, atualmente chamada de Israel. A festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus com os apóstolos, na quinta-feira santa. Os fiéis cristãos celebram a ressurreição de Cristo e sua elevação ao céu. As imagens deste momento são a morte de Jesus na cruz e a sua aparição. A celebração sempre começa na quarta-feira de cinzas e termina no domingo de Páscoa: é a chamada semana santa. A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicea, em 325 d.C, como sendo "o primeiro domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal".
A Igreja Católica estabelecu o Jejum como um dos rituais da Quaresma. Hoje os estudiosos determinam os benefícios do jejuar: aumento da sensibilidade espiritual; aumento da auto-percepção; acalma a mente; torna mais claro os pensamentos; eliminação de toxinas físicas; bem-estar físico; desenvolvimento da auto-disciplina e da força de vontade; aumento da auto-estima;aumenta a energia e a vitalidade do corpo.
Contudo, não é a privação do alimento que nos aproxima da Divindade. Esta prática deve visar principalmente:
- jejuar de julgar os outros e festejar porque Deus habita neles.

- jejuar do fixarmo-nos sempre nas diferenças, e fazer festa por aquilo que nos une na vida.
- jejuar das trevas da tristeza, e celebrar a luz.
- jejuar de pensamentos e palavras doentias , e alegrarmo-nos com palavras carinhosas e edificantes.
- jejuar do ódio e festejar a paciência santificadora.
- jejuar de desilusões e festejar a gratidão.

- jejuar de pessimismos, e viver a vida com otimismo como uma festa contínua.
- jejuar de preocupações, queixas e egoísmos e festejar a esperança e a Divina Providência.
- jejuar de pressas e angústias, fazer festa em oração contínua à Verdade Eterna.

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