terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Afinidade


A afinidade não é o mais importante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. O mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiantamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido. Afinidade é não haver tempo mediando a Vida.
É uma vitória do imaginado sobre o real. Do subjetivo sobre o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe, não necessita de códigos verbais para se manifestar! Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de explicar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavra. É receber o que vem do outro com aceitação antes do entedimento. Afinidade é sentir com, nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Sentir não é como ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calor do que falar. É compreender sem ocupar o lugar do outro.
Quem aceita para poder questionar, não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, da maneira que é. Isso é afinidade. Pode existir com ou sem amor. Independente dele. A quilômetros de distância. Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É retomar a relação do ponto em que parou, sem lamentar o tempo da separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas as oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. Sensível é a afinidade.

Imagem: As Luluzinhas, 48 anos de amizade e afinidades.
Texto: autoria desconhecida, colaboração da "Luluzinha" Tânia M.Hoehne

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