sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Oração por mim Mesma


Que eu me permita olhar e escutar e sonhar mais .
Falar menos. Chorar menos...
Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm.
Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática, as palavras que se
fazem gestos e os gestos que se fazem palavras .
Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.
Saber realizar os sonhos que nascem em mim, e comigo morrem por eu não os
saber sonhos ...
Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os
impossíveis; aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto... a cada
nova flor... a cada novo calor... a cada nova geada, a cada novo dia!
Que eu possa sonhar o ar... sonhar o mar... sonhar o amar, sonhar o
amalgamar!

Que eu me permita o silêncio das formas, dos movimentos, do impossível,
da imensidão de toda a profundeza... que eu possa substituir as minhas
palavras... pelo toque, pelo sentir, pelo compreender, pelo segredo das
coisas mais raras...

Que eu saiba observar a exuberância das pequenas
manifestações da vida...

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos,
fazendo-me parte suprema da natureza, criando-me e recriando-me a cada
instante.

Que eu possa chorar menos de tristezas e mais de contentamentos. Que meu
choro não seja em vão e, em vão, não sejam minhas dúvidas!

Que eu saiba perder meus caminhos mas saiba recuperar meus destinos com
dignidade.

Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesma...Que eu não tenha medo de meus medos!

Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis, e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim uma mulher serena dentro de minha própria turbulência. Sábia, dentro dos meus limites pequenos e inexatos, humilde, diante das minhas grandezas tolas e ingênuas.

Que eu mostre o quanto são pequenas minhas grandezas, e o quanto é valiosa minha pequenez.

Que eu me permita ser mãe, ser pai, e se for preciso, ser órfã .
Permita-me ensinar o que sei e aprender o muito que não sei, traduzir o que os mestres ensinaram e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiências. Respeitar, incondicionalmente, o ser ; o ser por si só , por mais que possa ter além de sua essência , auxiliar a solidão de quem chegou, render-me ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem fico .

Que eu possa amar e ser amada. Que eu possa amar mesmo sem ser amada, fazer gentilezas quando recebo carinhos, fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas.

Que jamais eu fique só, mesmo quando eu me queira só.

Amém!
(autoria desconhecida)

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