sábado, 3 de maio de 2008

O Palácio Majestoso


Conta-se que certa vez um rei do Iêmen, chamado Hiamir, convocou um dos seus ministros e disse-lhe:
- Quero fazer longa viagem à Tiapur, uma região longínqua, pobre e triste, árida e sem conforto. Determino que vá antes de mim, e logo que lá chegar, mande que seja construído um magnífico palácio, com largas varandas de marfins e pátios floridos. Nesse palácio ficarei hospedado durante uma temporada, com tranqüilidade e conforto.
O Vizir respondeu humildemente:
- Escuto e obedeço, ó rei.
Dias depois o Vizir partiu, em uma caravana com numerosos camelos carregados de ouro. Ao chegar à cidade o Vizir ficou desolado com o estado de abandono em que se achava o povo. Encontrou pelas estradas crianças famintas e centenas de infelizes, morrendo de inanição. Os quadros de miséria e sofrimento que se desenrolavam, a cada passo e a todo instante, torturavam o coração do poderoso ministro. Ele trouxera mais de trinta mil dinares, que deveriam ser gastos na construção de um grandioso palácio!
Que fez o Vizir? Levado por um impulso irresistível, em vez de executar a ordem do rei, resolveu gastar o dinheiro que trazia, beneficiando a infeliz população. Mandou construir abrigos para os desamparados. Distribuiu mantimentos entre os mais necessitados. Determinou que todos os enfermos fossem, sem demora, medicados e forneceu pão aos que padeciam fome. Ao fim de alguns meses, notava-se uma transformação completa da cidade. Os homens haviam voltado ao trabalho e por toda a parte reinava a alegria. As crianças brincavam nos pátios e as mulheres cantavam nas portas das tendas. E do palácio maravilhoso, encomendado pelo rei, nada existia...
Quando o rei Hiamir chegou a Tiapur foi recebido por uma grande manifestação de júbilo da população.
- Sinto-me feliz, confessou o monarca, por saber que sou sinceramente estimado pelos meus súditos. Mas onde está o palácio de Tiapur? perguntou.
- Antes de falar do palácio, ó rei, tenho um pedido a lhe fazer. Segundo as leis, aquele que o desobedecer, praticando um abuso de confiança, deve ser condenado à morte. Pois, houve, ó rei, um homem de sua confiança que praticou tal delito. Espera-se que seja determinada a execução do culpado sem demora, disse o Vizir serenamente.
- Quem é o acusado? questionou o rei.
- O criminoso sou eu, disse o Vizir sem hesitar. E sem ocultar a menor parcela da verdade, o Vizir descreveu a miséria em que se encontrava o povo. Por fim, confessou que, penalizado diante de tanto sofrimento, em vez de construir o palácio real, resolveu gastar os recursos que lhe foram confiados para mudar a triste sorte da população.
- Não cumpri a ordem recebida, por isso aguardo o castigo de que me fiz merecedor, concluiu.
- Levante-se, meu amigo, ordenou emocionado o rei. Vejo que seu trabalho é responsável pela edificação do mais belo dos palácios que já conheci. Vejo as torres cintilantes nas fisionomias alegres das crianças; admiro as largas varandas de marfim no sorriso radiante dos meus súditos; reconheço os pátios floridos no olhar de gratidão das mães felizes. Como é majestoso e belo, ó Vizir, o palácio que a sua bondade fez se erguer nas terras de Tiapur.
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"Cada um é responsável pela destinação que der à riqueza que lhe for confiada, seja ela representada por recursos materiais ou por aptidões profissionais. Cada qual, pelo uso de seus próprios talentos, é capaz de alterar o mundo, distribuindo alegrias ou acumulando dores."
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