terça-feira, 1 de julho de 2008

A Hora e a vez da Agressividade

Não sei quanto a você, mas eu estou saturada de notícias na mídia tratando do tema violência: são pais e mães que arremessam filhos pela janela, são balas perdidas, idosos maltratados em asilos ou no próprio âmbito familiar, são maridos que espancam suas mulheres, crianças vitimizadas dentro do lar. Qual a razão de tanta violência? Em busca de uma resposta, vasculhei no baú e encontrei o artigo da psicoterapeuta Marilena Teixeira Netto, que transcrevo a seguir:
"Já não basta a agressividade explícita que nos rodeia. Agressividade no trânsito, na rua, nos seqüestros, nos assaltos, nos filmes de pancadaria e explosões, tragédias, etc… etc…
A agressividade instalou-se no vocabulário nosso do dia a dia.
Querendo ou não, as “qualidades” não podem mais ser comuns, tradicionalmente corretas. Elas precisam de uma certa força, de uma explosão verbal para parecerem impactantes, ou correm o risco de não serem eficientes e nem sequer notadas.
Essa explosão verbal, revela o nível de agressividade em que vivemos.
Ousar é necessário, e medíocre é aquele ou aquela que simplesmente aparece ou deixa-se mostrar de uma maneira simples, comum, sem extravagâncias.
É preciso ousar nas roupas, no cabelo, nas tatuagens, nos sapatos, no ritmo de vida, nas opções religiosas, no esoterismo; enfim é preciso e torna-se urgente, encontrar algo inusitado o mais rápido possível antes que se caia no lugar comum.
É preciso descobrir algo que nos encante, que nos seduza e que no leve a algum lugar diferente de tudo que já vimos ou experimentamos. Mas, não é necessário nos preocuparmos, pois há sempre alguém encarregado de buscar novidades impactantes que nos atordoe e que nos assombre.
É o momento da barbárie, de escândalos e agressões na área pública, política e social.
É necessário trazer uma avalanche de impressões “detonadoras” e “arrasadoras”, pois só assim consegue-se viver com entusiasmo.Infeliz da mente que comporta conceitos e nutre expectativas como essas.
Infeliz da mente onde o viver com simplicidade ou simplesmente viver já não atrai tanto e onde o cotidiano torna-se obsoleto com pessoas ao redor, que unicamente SÃO.

Cartaz do filme "Laranja Mecânica", de 1971, adaptação do livro de Anthony Burgess,"A Clockwork Orange", de 1962.

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