quarta-feira, 23 de julho de 2008

Rosa de Lima


Um barão assinalado

sem lustro, sem glória, sem fama

louco, mais que louco , tresloucado

por amor amará a sua dama

( de luz, de glória e fama grande )

Sofrerá, fará versos, cantará

por um sorriso, um olhar, um gesto

de mínimo mover do seu mimoso dedo.

E cantará o delírio da paixão esperada

Doce paixão, terno enlevo, ledo engano

Despertar no solitário leito de Lia

Nunca Raquel, a bela serrana

de sete anos de pastoreio, servidão

e vida curta sob o jugo de Labão...

Prá longo amor, funda esperança

de mais sete anos de azar, solidão e medo.

No rosto de Lia o espelho quebrado

da má sorte, má fama e má vida.

Trocar a rosa da vida, dos ventos

pela urtiga, cardo e joio, desaventos.

Sem fé, sem norte, navegar

o fundo coração, a cova negra

que esconde o pálido t(r )emor do sentimento

vivente de ar, brisa ,sopro só.

Brasa apenas, mas queima ainda

e arde

e fura

e rompe

a casca do coração descrente e duro

( calos de desamores, falsos cantares

lembrados com desdém, ódios e rancores

frutos podres da terra devastada

pela melancolia, tédio e mornos ardores)

E rompe e cresce e marca o mundo

planta o Éden e diz a luz e faz o verbo..

E funda a ilha ( Barataria !)

do bêbado barão, poeta inepto,

navegante errático, decifrando

a rosa , aquela dos ventos.

Quilha dura, velas soltas

em busca sempre da ilha esquiva,

do cais macio de pedra,

abrigo da alma gasta pelas navegações

naufrágios e périplos pelas quimeras.

A ilha existe lá no horizonte

como se fosse possível para a rosa

e para os ventos

definir no portulano

o cais, o porto, a ilha

onde o coração enfim

descansará da dura lida.

O poeta Lafayete de Paula Figueira é Mestre em Administração. Velho e saudoso amigo Lafa, bom tê-lo por perto, mesmo que só em versos.
Poesia publicada no Blog do Caran: http://escola-caran-eja.blogspot.com/

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