Um barão assinalado
sem lustro, sem glória, sem fama
louco, mais que louco , tresloucado
por amor amará a sua dama
( de luz, de glória e fama grande )
Sofrerá, fará versos, cantará
por um sorriso, um olhar, um gesto
de mínimo mover do seu mimoso dedo.
E cantará o delírio da paixão esperada
Doce paixão, terno enlevo, ledo engano
Despertar no solitário leito de Lia
Nunca Raquel, a bela serrana
de sete anos de pastoreio, servidão
e vida curta sob o jugo de Labão...
Prá longo amor, funda esperança
de mais sete anos de azar, solidão e medo.
No rosto de Lia o espelho quebrado
da má sorte, má fama e má vida.
Trocar a rosa da vida, dos ventos
pela urtiga, cardo e joio, desaventos.
Sem fé, sem norte, navegar
o fundo coração, a cova negra
que esconde o pálido t(r )emor do sentimento
vivente de ar, brisa ,sopro só.
Brasa apenas, mas queima ainda
e arde
e fura
e rompe
a casca do coração descrente e duro
( calos de desamores, falsos cantares
lembrados com desdém, ódios e rancores
frutos podres da terra devastada
pela melancolia, tédio e mornos ardores)
E rompe e cresce e marca o mundo
planta o Éden e diz a luz e faz o verbo..
E funda a ilha ( Barataria !)
do bêbado barão, poeta inepto,
navegante errático, decifrando
a rosa , aquela dos ventos.
Quilha dura, velas soltas
em busca sempre da ilha esquiva,
do cais macio de pedra,
abrigo da alma gasta pelas navegações
naufrágios e périplos pelas quimeras.
A ilha existe lá no horizonte
como se fosse possível para a rosa
e para os ventos
definir no portulano
o cais, o porto, a ilha
onde o coração enfim
descansará da dura lida.
O poeta Lafayete de Paula Figueira é Mestre em Administração. Velho e saudoso amigo Lafa, bom tê-lo por perto, mesmo que só em versos.
Poesia publicada no Blog do Caran: http://escola-caran-eja.blogspot.com/
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