quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sobre o Envelhecer


No momento em que o mundo se volta às eleições americanas, quando pela primeira vez na História um negro, de origem queniana, está prestes a se tornar presidente dos Estados Unidos da América, destacamos a presença de uma mulher negra, poetisa renomada, que tem muito a nos dizer sobre o envelhecer, feliz e produtivamente. A curta biografia, a seguir, é de autoria de Mauro Catopodis, poeta carioca:

"Maya Angelou é talvez a figura mais vibrante da poesia contemporânea nos Estados Unidos. Nascida Marguerite Johnson em 1928, foi violentada pelo namorado da mãe quando tinha 7 anos. Aos 17, tornou-se mãe solteira ao dar a luz ao seu primeiro filho, numa época em que, obviamente, isso não era visto com naturalidade. No mesmo ano, tornou-se a primeira motorista negra de ônibus (streecars) em São Francisco, Califórnia. Foi também cozinheira e cafetina até, finalmente, entrar no meio artístico, a princípio como dançarina e cantora em um cabaret. Nos anos 50, já usando o pseudônimo Maya Angelou, ela se afirmou como atriz, cantora e dançarina em várias montagens teatrais que percorreram o país, tais como Porgy and Bess, Calypso Heatwave, The Blacks e Cabaret for Freedom. Nos anos 60, começa a escrever suas próprios peças teatrais. Na década seguinte, já um nome conhecido nos meios culturais, é convidada a narrar os dez capítulos de um especial para a televisão sobre a influência do elemento africano nos Estados Unidos. Publica livros de poesia e recebe uma indicação para o Pulitzer. Trabalha também como narradora, entrevistadora e apresentadora em vários programas de televisão e teatro sobre a situação do negro nos Estados Unidos. Recebe uma indicação para o prêmio Tony de teatro por sua atuação na peça Look Away na Broadway. Nos anos 80, publica vários livros de poesia e uma série autobiográfica que atinge consagração quase instantânea, colocando-a na lista de best-sellers por vários meses, um feito até então inédito para uma mulher negra. Recebe a premiação Emmy da televisão por sua atuação na série Raízes, sobre a história do escravidão na America do Norte. Nos anos 80, a convite de Bill Clinton, prepara um longo poema (On the Pulse of Morning) e o lê na cerimônia de posse do presidente, outro feito inédito. Recebe o Grammy de melhor texto recitado pela leitura de seu poema na posse presidencial. Maya hoje mora em Winston-Salem, Carolina do Norte, onde trabalha como professora convidada da universidade local e escreve seus poemas fora de casa, em um quarto alugado de hotel, único lugar onde, segunda ela, ainda consegue o isolamento que precisa para escrever. É justo dizer que, hoje, nenhum outro poeta contemporâneo nos Estados Unidos pode ser comparado à popularidade que Maya Angelou conquistou, feito este amplamente atestado pela grande vendagem de seus livros de poesia. "
Entrevistada por Oprah Winfrey na passagem de seu 79o. aniversário, Maya Angelou, comentando sobre as mudanças no corpo, disse que há muitas a cada dia. Como os peitos, que estão competindo um com o outro para ver qual chega primeiro à cintura. A platéia riu de chorar.Uma das grandes vozes do nosso tempo, Maya Angelou é uma mulher simples, direta, cheia de sabedoria. Alguns exemplos:

Aprendi que aconteça o que acontecer, pode até parecer ruim hoje, mas a vida continua e amanhã melhora.

Aprendi que dá para descobrir muita coisa a respeito de uma pessoa, observando-se como ela lida com três coisas: dia de chuva, bagagem perdida, luzes de árvore de Natal emboladas.

Aprendi que, independentemente da relação que você tenha com seus pais, vai ter saudade deles quando se forem.

Aprendi que 'ganhar a vida' [making a living] não é o mesmo que 'ter uma vida' [making a life].

Aprendi que a vida às vezes nos oferece uma segunda oportunidade.

Aprendi que a gente não deve viver tentando agarrar tudo pela vida afora; tem que saber abrir mão de algumas coisas.

Aprendi que quando decido alguma coisa com o coração, em geral vem a ser a decisão correta.

Aprendi que mesmo quando tenho dores, não tenho que ser um saco.

Aprendi que todo dia a gente deve estender a mão e tocar alguém. As pessoas adoram um abraço apertado, ou mesmo um simples tapinha nas costas.

Aprendi que ainda tenho muito que aprender.

Aprendi que as pessoas esquecem o que você diz, esquecem o que você faz, mas não esquecem como você faz com que se sintam.

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