quinta-feira, 5 de junho de 2008

Federico García Lorca


Hoje, 05 de junho, comemoram-se os 110 anos de nascimento de Federico Garcia Lorca.
Lorca nasceu em Fuentevaqueros (Granada), em 5 de junho de 1898 e morreu assassinado em Viznar (Granada), uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de agosto de 1936.
É Garcia Lorca, com certeza, o poeta espanhol mais conhecido universalmente, só perdendo para Cervantes no número de edições e traduções de suas obras.
Iniciou os seus estudos de direito, filosofia e letras, em 1914, na Universidade de Granada, transferindo-se em 1919 para Madrid, onde conheceu pessoas como o cineasta Luis Buñuel. Em Madrid nascem suas primeiras obras literárias, o "Libro de Poemas" e sua primeira obra teatral "Mariana Pineda". É também nesse período que se aproxima do grande mestre do surrealismo, Salvador Dali.
Em 1928 Garcia Lorca publica o "Romancero Gitano", composto por dezoito poemas no qual se encontram os motivos andaluzes da sua origem.
Federico García Lorca nunca pertenceu a algum movimento literário, sempre negou o título de surrealista, embora algumas características do surrealismo se encontrem em sua poesia, como as associações estranhas de palavras. Em troca, não usou a escrita automática como propôs o teórico do surrealismo André Breton.
Foi uma espécie de símbolo das vítimas dos regimes autoritários de direita e da tirania fascista, e quando eclodiu a Guerra Civil Espanhola, Lorca saiu de Madrid para Granada, onde, supostamente, estaria mais protegido. É que Lorca (como sempre são os intelectuais de vanguarda), era um inimigo natural de um regime autoritário. Além disso, numa Espanha católica, as possíveis tendências homossexuais de Lorca também não eram bem vistas. Por essas razões, vítima de uma denúncia anônima, Lorca é preso e assassinado, tendo o seu corpo sido jogado num canto da Sierra Nevada.
O fato de Garcia Lorca ter sido assassinado pelo regime de Franco, fez com que, durante longo tempo, seu trabalho fosse pouco divulgado e até mesmo censurado na Espanha. Por outro lado, tornou-se uma figura simbólica da opressão, o que fez com que vários poetas e escritores viessem a se ocupar de sua figura.
No Brasil escreveram sobre Lorca, entre outros, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Murilo Mendes. Segue fragmento de seu mais famoso poema, Romance Sonâmbulo:


Verde que te quiero verde.

Verde viento. Verdes ramas.

El barco en el mar y el caballo en la montaña.

Con la sombra en la cintura,

Ella sueña en su baranda.

Verde carne, pelo verde,

Con ojos de fría plata.

Verde que te quiero verde.

Bajo la luna gitana,

Las cosas la están mirando

y ella no puede mirarlas.


traduzindo


Verde que te quero verde.

Verde vento. Verdes ramas.

O barco vai sobre o mare o cavalo na montanha.

Com a sombra pela cintura

ela sonha na varanda,

verde carne, tranças verdes,

com olhos de fria prata.

Verde que te quero verde.

Por sob a lua gitana,

as coisas estão mirando-a

e ela não pode mirá-las.

Nenhum comentário: