terça-feira, 24 de junho de 2008

Solidão


A música que a Dé colocou no ar, como fundo do blog, tem me atingido diariamente quando acesso o link.


Quantas estradas precisará um homem andar
Antes que possam chamá-lo de um homem?
Sim e quantos mares precisará uma pomba branca sobrevoar
Antes que ela possa dormir na praia?
Sim e quantas vezes precisará balas de canhão voar
Até serem para sempre abandonadas?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento
Quantas vezes precisará um homem olhar para cima
Até poder ver o céu?
Sim e quantos ouvidos precisará um homem ter
Até que ele possa ouvir o povo chorar?
Sim e quantas mortes custará até que ele saiba
Que gente demais já morreu?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento
Quantos anos pode existir uma montanha
Antes que ela seja lavada pelo mar?
Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir
Até que sejam permitidas a serem livres?
Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça
E fingir que ele simplesmente não ver?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento


O lamento solitário de Bob Dylan em "Blown' In in the Wind" leva-me a buscar respostas quanto a viver só, por necessidade ou opção. O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte.

Nestes dias friorentos, o desejo de estar junto aumenta. Creio que não há quem nunca não tenha se sentido só, absoluta e irremediavelmente só, mesmo caminhando em uma rua apinhada de gente de alguma gigantesca metrópol. A comunicação entre as pessoas é um dos exercícios mais freqüentes, indispensáveis e, no entanto, frustrantes do cotidiano. Nem sempre o que se diz é o que de fato se sente. Romances têm início, meio e fim com base em equívocos, em erros de avaliação, em expressões e ações subjetivas, mesmo que pretendamos lhes dar a maior objetividade possível, ao tentarmos comunicar nossos pensamentos, emoções ou sentimentos.

A pior solidão é aquela que enfrentamos a dois, é muito difícil de lidar quando esperamos que o outro dê um significado para nossa vida, fazendo dele o personagem principal de nossa história e nos colocando como coadjuvantes e secundários. E como diz nosso Chico Buarque de Holanda, "solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma ....."

A resposta, meu amigo, está soprando no vento. E que nesta noite de São João, se acenda a fogueira em seu coração e lhe mostre o caminho.

Nenhum comentário: